Buscando não se sabe bem o quê.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Anita




Anita, hoje eu fiz o teu recurso. Talvez eu consiga ganhar. Mas é difícil. Eu sei que você está com sérios problemas, mas eu tenho de fazer o meu trabalho, o meu labor. É assim que eu ganho o meu dinheiro. Você vai ter de torcer contra mim. Vai ter de torcer para que eu não tenha êxito. Não adianta insistir, Anita, eu não posso desistir tão facilmente. Eu sou obrigado a recorrer das decisões que não me são favoráveis. É assim que eles decidem lá em cima. Os diretores, o conselho, a assembléia todos estão atentos ao que faço. Eu sou vigiado, todas minhas petições são vistas e revistas e eu não tenho o poder de decidir. Isso está tudo no sistema. Sou refém dos outros. Eu sei que você precisa desse dinheiro e já, porque o tempo corre e a doença está dizimando teu corpo. Mas o que eu posso fazer? Me diga, o que eu posso fazer? Gostaria de te dar um presente, uma surpresa, uma certidão de trânsito em julgado da tua ação para você executar a dívida imediatamente e poder tirar esse dinheiro para resolver o teu problema. Eu gostaria, mas não posso. Eles é que dizem o que devo fazer ou não fazer. Essas corporações são imensas, são maiores do que você imagina. Elas têm poderes enormes. Elas me atrapalham, elas me engolem e eu me tornam sem iniciativa. Desculpa, Anita.

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