Buscando não se sabe bem o quê.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Simplesmente, Não Sei


Já tentei de tudo. O casal que namorou na década de 80, se aproxima no facebook e marca um encontro no encardido Hotel Barcelona no centro histórico. O que acontece depois?  Ele toma uma aguardente, ela fuma um cigarro. Eles discutem o tempo que passou. Estarão eles despidos, vestidos, como estarão? Fizeram amor, sexo, transaram? O que isso importa agora?

Tranquei, meu cavalo refugou, porque está cansado de minhas pernas ansiosas. Talvez ele busque um cavalheiro com nova formatação. A indomável imaginação parece estar ficando sem o necessário combustível. O  carro que resolveu parar  no meio da rua e a multidão enraivescida  começa a buzinar.

Hoje sonhei que estava dormindo e fui acordado pelo meu próprio fantasma. Quando acordei tive a certeza absoluta que não estava morto. Ingressei feliz no toilette, porque tinha o dia todo pela frente. E agora, no fim, resta a minha grande dúvida: como isso tudo vai acabar?

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Recado


 O certo é que não gostei, mas deixei ali para todos verem. Aliás, todos é um tanto de exagero, porque são poucos, muito poucos, os que aqui transitam; ou por alguma causa acidental ou por tolerar a paciência. Não gostei e deixei e fiquei pensando essa semana sobre isso. Não fiquei preocupado, apenas pensando.  Talvez seja a famosa puta velhice a responsável por esse absoluto descaso. Talvez minha irresponsabilidade e despreocupação. Talvez tenha simplesmente esquecido. O certo é que não gostei e mesmo assim deixei.O recado foi dado. Entendam o que quiserem, mas não me internem.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Restos



Os restos, que o gato admira com o olhar cândido, é recolhido pela funcionária  e jogado no saco.
O saco quase cheio é, enfim, atado e levado para a rua.
 O caminhão coletor, no fim da tarde, inicio da noite, passa.

Dois homens que parecem meninos  -- porque não são mais meninos -- com o devido  cuidado,  abrem o saco e despejam seu conteúdo numa caixa maior, muito maior..
A carroça parte devagar, passando pelas ruas da cidade média, em busca dos restos, dos restos e dos restos que sobraram..

Quando tudo chega ao seu limite é anunciada a hora de partir ou de voltar.
Distante, sempre na periferia, onde ninguém percebe,  eles  se juntam e despejam, em harmonia, o resultado da colheita do dia.

O terreno baldio espalha o cheiro forte, onde o compartilhamento é feito  por todos que ali estão.
Cada um busca sua parte, sobrando os restos dos restos, dos restos que ali ficam.

Passando a madrugada o dia surge e o amanhecer aparece repentino, como se nada tivesse ocorrido. A necessária distância é uma forma digna - e limpa --  de evitar o horror de se conhecer.

Os Efeitos



Diante das possibilidades relatadas, inclusive com o risco de vida,  o retorno é quase incerto. Hoje não é mais como ontem. É a fraqueza que insiste em tomar conta dos pés, das mãos, da alma, dissipando, de forma quase absoluta, a força das decisões. O espelho reflete  o olhar contido diante do desafio. E por isso, recluso,  insiste em dormir, em esquecer, em desistir, faz questão de não ler uma linha do texto que está guardado na gaveta ao lado da cama. E a cama é quente, cheia de cobertas, travesseiro macio, o ar está ligado, a vista para a cidade que está ao longe e se distancia quando amanhece ou escurece, porque nada se enxerga, nada se vê, apenas a dificuldade e o cansaço que toma conta das vontades. Sem cicatrizes ou rancores, mas carregando uma dose razoável de amargura diante da situação concreta. Na manhã resolveu sair, seus pés fracos não conseguiram acompanhar o desejo repentino e foi forçado a utilizar uma cadeira, graciosamente emprestada pelo funcionário do shopping. Diante de todos foi empurrado até a ótica onde experimentou um óculos que comprou. A tontura veio repentina e, com ela, a tortura mental e o aborrecimento de não ter mais as aptidões de outrora. Maldita doença que consome os potássios,  ferros, vitaminas e nutrientes e que deixa o ser humano sem força para comprar sozinho uma bala. Porque os pacientes devem ser pacientes, dizem os médicos. Porque a vida necessita de mudança, dizem os parentes - próximos e distantes. O fato é que tudo mudou. E quando a mudança parece ser irreversível, a luta contra o desânimo passa a ser constante e incomensurável. Os remédios e seus mecanismos colaterais, os sedativos, os calmantes e antidepressivos, o corpo que se alimenta das drogas e seus efeitos, as drogas e seus efeitos, as drogas e seus efeitos.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Looking Out For Number One


Os uniformes, as marionetes, os pintassilgos, os lampiões tardios. As florestas, as feras de metal, os ruminantes que colhem os frutos da mangabeira. Perplexo, parado, ilustrando o móvel de madeira quase nobre, cabisbaixo, abaixado, fazendo tudo com o maior capricho ouvindo quartetos ou quintetos de vozes sutis, de cordas transparentes que ilumina a alma como fogo amigo (ou inimigo?). O rapaz vive  momentos de paradoxo e por isso reza firme procurando probabilidades. As auditorias investigam receitas sem ingredientes. O que se pode fazer diante de inúmeras  verdades?

Eu vi


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