Buscando não se sabe bem o quê.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Mudando o Ângulo


Parece que hoje resolvi ser outra pessoa. Estava morrendo afogado e resolvi nadar. Eu precisava respirar e tomei dois tylenol antes de sair de casa. Minha cabeça latejava, parecia um porongo velho e vazio. E decidi mudar. Levantei e decidi ser outro. Meus problemas não nasceram ontem e nem no mês passado. Eles decorrem de relações muito antigas que nem me recordo mais. Resolvi, então, nascer e vasculhar o passado e verificar todos os meus erros e equívocos. Não sei se isso vai adiantar muita coisa, porque o que foi feito foi feito e o futuro o tempo dirá, como diz o velho chavão. A melhor maneira de resolver os mesmos problemas é dizer: isso não é fácil, é muito difícil, existe ali uma porta de pedra cheia de cimento completamente intransponível, nada se pode fazer. Mas o pecado mora aqui dentro, são os meus próprios vícios da minha existência e meus passos insistem em derrapar em torno do mesmo vazio. E aqui estou cansado, tentando ser outro, resmungando para mim mesmo e me queixando sobre minha eterna inaptidão para resolver os mesmos problemas. Pois hoje resolvi ser outro e o tempo pode mudar, mas tudo depende de mim e do meu outro ponto de vista.
Imagem de Park Harrison.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Privacidade


No final das contas ela cedeu. E cedeu muito. Virou boazinha e faz tudo o que eu peço. Ela sorri sempre quando olha para mim. Ela está sempre ao meu lado me contemplando. O problema é que eu já estou enjoando. Não aguento mais ela aqui perto. Ela que vá fazer suas coisas e me deixe respirar um pouco o ar sagrado da privacidade.

No final das contas ele cedeu. E cedeu bem. Virou bonzinho e faz tudo o que eu peço. Ele sorri sempre quando olha para mim. Ele está sempre me contemplando. O problema é que eu já estou enjoando. Não aguento mais ele aqui perto. Ele que vá fazer suas coisas e me deixe respirar um pouco o ar sagrado da privacidade.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A História Que Nunca Virou Lenda




E um dia chegou o juízo final. A multidão se reuniu no centro de todas as grandes cidades e nas pequenas também. O povo nas praças e nas ruas ao lado das igrejas de todas as religiões. Eram tempos de fé. Os sinos badalavam convocando os fiéis de todas as partes. Vai ter quermesse. Vai ter fogos de artifícios. O representande divino fala ao mundo e abençoa o povo vivente. Reza silencioso e conclama todos a manter a calma e ter fé, porque quando chegar a hora vai começar a distribuição das senhas. Todos ficam emocionados, Mães abraçam filhos, pais abraçam mães e filhos, avôs abraçam avós, companheiros, companheiras, namoradas, namorados, crédulos e incrédulos. Que dia de graça, exclamou o vivente do fim da fila: que dia de graça. Ouve-se, contudo, uma voz solitária, quase rouca de tanto gritar sem ser ouvida: atire a primeira pedra quem não tem culpa no cartório e que nunca ultrapassou os portais do purgatório, aquele prédio antigo e opaco que se encontra na esquina da calamidade. Não era momento para esse tipo de assunto infeliz. A voz morreu de rouca. O sol se pôs e a noite chegou efervescente. E quando a lua já se postava na altura onde poderia ser vista por todos, o meirinho proclamou que o grande momento da história da humanidade fazia parte do passado. Nesse momento, se consagrou -- pela hora de Greenwich - o fim de todos os dias. Mas nenhum salvador apareceu. A noite estava limpa e não chovia estrelas, não se ouviu barulho de terremotos e o cataclisma não surgiu em parte alguma. O mundo continua perene. Nesse instante real a humanidade, finalmente, acordou de um sonho e se deu conta que algo equivocado acontecera. Está dito nas escrituras que a divindade não se atrasa e nem se equivoca. Deus não é cego e nem atormentado. Ele não faz piada e, muito menos, de mau gosto.








A partir de então, as pessoas começaram a perder sua fé e o mundo girou. A humanidade ingressa em outro tempo. O racionalismo da ciência, da razão e da boa idéia dá lugar à emoção do sexo fácil, do prazer carnal em cultos e orgias. Os pensadores da época, preocupados com o destino de todos, questionavam e chegaram a grande conclusão, em seminário realizado na grande cidade do oriente, que era necessário ter alguma fé. Era preciso inventar uma forma de manter equilíbrio racional da humanidade. Mas como fazer isso se as respostas a todos esses dilemas não estavam mais nos livros da antiga e da moderna escritura? O ostracismo se torna presente e a emoção toma conta da alma. Era preciso viver a mil, porque os tempos são obscuros e a família não está mais presente. Ninguém mais sabe o que é limite e ninguém mais resiste ao amor livre do pecado das trevas. E a humanidade foi se decapitando e as pessoas morriam como bichos. Elas eram levadas aos extremos da civilização e jogadas aos abutres da almas penadas, diziam os historiadores mais céticos. Mas a verdade é que certas pessoas pessoas morriam encantadas nas calçadas das cidades e dos vilarejos. Morriam felizes e sem culpa. Morriam porque queriam morrer. Porque era a hora delas e ninguém mais tinha medo da morte.




Os tempos mudaram, porque os tempos sempre mudam, e nada disso virou história. Pouco se sabe sobre esses fatos. E mesmo que essas tímidas e roucas vozes solitárias - as mesmas que denunciaram a existência do purgatório de ocasião -- tivessem se manifestado sobre tão cruel assunto, ninguém acreditaria. Existe uma tese central de que tudo aquilo foi uma grande e deslavada mentira, mas ninguém até hoje resolveu esclarecer de vez esse assunto. Ninguém tem coragem. Por isso esse incrível fato sequer virou mito ou lenda. Dizem alguns que história da humanidade é sábia porque consegue banir certos acontecimentos. É impossível localizar qualquer registro dessa época nos fichários das bibliotecas da sabedoria e nem mesmo nos museus das grandes novidades. As informações não oficiais estão a revelar que esses registros foram todos bloqueados pelas conexões e pelos cabos da mais alta tecnologia. Dizem até que um astronauta levou consigo, de forma sigilosa, uma pasta cheia de fotos, vídeos e arquivos sonoros dessa época e os lançou na atmosfera para que continuasse flutuando sobre o terreno dos fatos. Alguns chamam isso de mentira e outros de teoria da conspiração.
Fotos de Eugenio Recuenco

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O Cheiro do Vaso


Sem água fica azedo. O corpo fede. Desgraça. O mundo que cai. O mau humor generaliza. Não existe graça. Ninguém sorri. Esquisito. Complicado. Sarcástico. O vaso fede. Os dentes sujos. A roupa encardida. A alma do detrito. O cheiro de asa. O odor do mau hálito. O mijo entupido. Bronca. Muito bronca. Não tem comida na panela. Não tem água para limpar os pratos. Não tem água para limpar os panos. O encanador, o homem da rua, chega e diz que o fim de semana vai ser assim. Não tem outro jeito, vai ser assim. Os canos estão velhos, foram colocados na década de 60. Os apartamentos necessitam reforma. Os vizinhos querem alugar seu ativo imobilizado. Todo mundo tem que ceder. A patroa fica furiosa. Ela me liga e se queixa. Eu digo para ela que a paz é o melhor caminho e que a solidariedade humana é uma receita linda para o desenvolvimento interior das pessoas. O telefone é desligado imediatamente. Minha cara é de tacho. Não é possível mais ser engraçado nas horas vagas. Eu sou um implicante por natureza, mas implicância enche o saco. Eu sei disso, tem horas que não é possível implicar. Eu sei disso.Mas eu implico, porque eu sou um chato de galocha. Outro dia a água cristalina vai voltar para a doce residência e não vamos mais lembrar da tarde de hoje. Ela vai fazer parte de um passado distante e mau cheiroso.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Reflexão Intempestiva Sobre Uma Fuga




Por causa de um turbilhão de coisas não consegui praticar o meu nefasto exercício. Rolei para trás diante de tão grande problema que me estiquei todo na cama e só fui acordar depois do compromisso encerrado. Não fui, não levantei, estava com preguiça, gripado, com o corpo dolorido, cabeça inchada, fui vitimado por pesadelos horríveis, monstros apavorantes, mutantes que se modificam como camaleões em fuga. E acordei com essa sensação estranha de "deja vu", iluminado pelo pequeno abajur que piscava com o mau contato ou com a queda da energia. Não era dia de temporal. O pijama não estava mais seco. Ele estava sujo como os lençois. Sensação de estar em outro quarto, em circunstância indefinida, em outro pesadelo a procura de um paraíso formoso que não existe. Ninguém por perto, graças a Deus. E depois de virar e desvirar e esticar novamente os braços na direção errada eu levantei e nem queria saber a hora. O compromisso já era. Voltei a pensar, ao lado do meu nome, no boletim, a palavra falta e a nota zero. Eu -- que conheci outros lugares, que sabia falar inglês, que rascunhava as frases em francês, que era o sujeito compulsivo pela matemática, que dominava as sínteses da interpretação de texto -- havia me tornado um fugitivo.

Imagem de Marcel Dzama, pescada daqui.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Configuração




Resolveu falar de muitas coisas, mas deu branco. Na hora H deu branco. Complicado. Não sabia exatamente, ao certo, o que falar. Isso acontece, mas ultimamente estava acontecendo muito. Ideias soltas sempre aparecem. Mas onde elas estão? Onde elas se meteram?

Olhou para a barriga um pouco inflada e disse para si mesmo, isso não pode continuar assim. Não pode, não deve e não quero. Relaxamento complicado. Bem complicado. Era hora de reviver alguns conceitos de vida. Tinha que começar logo. Agora.

Detalhes insignificantes que não dizem nada. Fragmentos de papel que ficam por ai, mofando nas prateleiras das idéias. Não adianta olhar para o corpo, para si mesmo. Nem mesmo o coração se faz pulsar como antigamente. Coisa tola, resmungou... Detesto tolices que surgem por acaso e não dizem nada.

A psicóloga entrou na sala e já avisou dizendo: Comigo é assim, tudo tem seu significado e o significante sempre quer dizer alguma coisa. Comigo funciona assim. Esse é o meu segredo de vida. Finalmente, ela parou de falar e passou a palavra para um dos pacientes. Sem pedir licença ele se levantou. Saiu devagarinho para não chamar a atenção.
Pelas ruas escuras, nos quintais da universidade, ele botou o walkman. O Lasier comentava o escândalo das pipocas. Ele não estava nem ai. Queria chegar logo em casa. Passou pela padaria, mas não entrou. Pão engorda.
Chegou em casa e colou as fotos no Blog. Três fotos de um cara fumando. As fotos são de Diego Jock e estão no fotosite.com.br e elas formam um trabalho interessante. É uma história macabra. Mas essa é outra história.

De Manhã






De repente o pai é acordado, a mãe, doce mãe, diz: são quase oito horas e o ônibus sai às oito e quinze. Rápido, o pai coloca as calças, os tênis e a velha camisa surrada que usou na noite anterior de muitos vinhos. A mãe acorda o filho que se levanta rápido e coloca o uniforme. O pai preocupado sente o peso da noite mal e pouco dormida e os efeitos dos cálices tomados com os amigos da mocidade. No carro, o pai olha cego para a frente, ele se sente irresponsavel. O filho pergunta sete vezes: que horas são? Não existe bafômetro no trajeto da escola. E lá ambos chegam e descem. No colégio, os pais, preocupados ou não, cercam os filhos e todos falam entre si. O filho encontra sua turma, coloca o jaleco verde e o pai resolve ficar na dele, longe e distante dos outros. Simplesmente não quer falar com ninguém, apenas espera o menino passar com seus colegas em direção ao ônibus. E lá eles acham seus lugares e se acomodam. O filho abana e sorri e o pai vai embora para casa. Quando o pai chega no quarto escuro ele olha para a mãe que dorme. O relógio aponta nove horas. O dia está bonito e quente para o inverno de julho. Que se dane o mundo, pensa o pai: é necessário dormir, porque assim é a melhor maneira de se reencontrar com a forma.
Imagens de Ricardo Salamanca do Site que recomendoooo: Sala Mágica.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Manual de Instruções


Isso faz tempo, e o tempo passa e o tempo voa. Não é possível, infelizmente, recordar bem todos os fatos. A memória simplesmente desaparece, ela se perde pelos labirintos e os tropeços da vida. Mas, se não estou enganado, foi um dia de inverno ou de verão. Talvez tenha sido um dia de chuva ou fazia muito sol. Não recordo se era um dia de semana ou algum sábado alegre. Certamente não era domingo, porque naquela época certas atividades comerciais fechavam aos domingos. Naquela momento de vida, no auge da minha mocidade, resolvi entrar naquele imenso magazine localizado na esquina mais movimentada do centro da capital. Como era de costume, em cada andar tinha um departamento diferente: roupas masculinas, femininas, infantis, bazar, eletrodomésticos, restaurante. E as pessoas circulavam pelas escadas rolantes que conectavam aos departamentos. Tudo aquilo era o máximo. A grande programação de lazer, daquela época. Curioso, subi todos os andares até chegar no último departamento. Nem todos faziam isso, mas eu fiz. E lá encontrei exatamente o que estava procurando. Era só escolher, porque elas estavam todas ali completamente disponíveis. Era só pagar o preço, mas isso não importa. Naquela época havia dinheiro. E ninguém estava ali por grana. Depois de muito olhar e analisar os detalhes, porque os detalhes são sempre muito importantes, escolhi, enfim, exatamente aquela com o traço mais fino, com a vestimenta menos opaca, com cheirinho de bom perfume - o odor barato causava sensação de vulgaridade - com inteligência emocional no 'nível razoável' e com alguma dose de boa cultura. Ela parecia adorável, amável, com certa simpatia oculta e com uma forma simplesmente exuberante. Fiquei muito satisfeito com aquele formidável e inesquecível achado. Mas na ânsia de levar para a casa - e para a vida - aquela grande conquista, esqueci de algo muito importante e que poderia ser utilizado, se necessário, em circunstâncias mais delicadas: o manual de instruções. Muitos anos depois, no meio da meia-idade, quando a vida já está praticamente consolidada, no momento em que a cabeça entra em sintonia com o corpo e finalmente a maturidade consegue harmonizar e domar as graves crises da personalidade, quando a realidade se torna um pouco mais sensata, reapareceu, subitamente, aquela lembrança daquele momento único e formoso. O último andar da velha loja de departamentos. Pena que aquele local não existe mais. Foi embora e desapareceu. Foi atropelado pelas bancarrotas das sucessivas crises financeiras. No seu lugar resta a memória, mas existe ali um templo onde se reunem os cristãos de fé. Aqui em casa, encontro-me postado em cima do cimento que ergui sobre parte significativa da minha memória. Meu substato é refém dos mesmos mecanismos de defesa. Diante do impasse da velha memória não me resta alternativa, senão recuar, olhar para o horizonte do passado e lamentar o esquecimento. Naquele momento de grande ansiedade, quando analisava os pequenos detalhes para satisfazer minha vontade. Quando estava ocupado respirando o bom perfume, na ânsia de escolher o grande achado, eu vacilei. Sim, eu vacilei. Só agora percebi que aquele manual de instruções teria sido muito útil.
* Imagem de Daniel Garcia

terça-feira, 15 de julho de 2008

Deu, Meu?


Ele pede para eu colocar todas as almofadas em cima dele, como se fossem imensas pedras. Ele quer se sentir forte, como super heroi. Quer lutar de bastão? Por favor, é muito massa! Fico na minha escrevendo isso aqui. Olho para o lado e ele está aqui. Exatamente aqui. Ele quer usar o computador. Ele pergunta: Deu? Eu não respondi. Ele indaga: Deu, meu? Poxa vida deu, meu? Meu coração não resiste. Passo para ele o comando dessa geringonça.


sábado, 12 de julho de 2008

Assimilando


Quando chegou na hora 'h' de fazer as coisas mais bacanas deram para trás. E isso gera decepção, amargura, estresse. Virou para o lado e dormiu. Mas dormiu mal. Muito mal. Praticamente não dormiu. Na manhã seguinte tentou esquecer tudo, inclusive os mais inusitados detalhes. Por ora assim está bem, pensou. Por hora assim está bem. Deixa o relógio da hora passar que ele toma conta de toda a situação. Esse parece ser o pensamento dominante para resolver os pequenos e grandes problemas. Tudo é assimilado e o tempo ajuda. Era isso o que estava fazendo ali. Assimilando. Refletindo sobre o esquecimento. Pois as coisas - esse nome indefinido - são difíceis. Não tem remédio, mas por hora, deixa assim. O tempo ajuda. O tempo resolve, porque o tempo não pára.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Mundo Perfeito


O mundo perfeito é o da total igualdade. Todos iguais a mim, a minha imagem e semelhança. E todos se amariam da mesma forma, do mesmo jeito, com as mesmas atitudes. E todos falariam as mesmas coisas, escreveriam as mesmas cartas, assistiriam os mesmos programas. Todos cortariam os cabelos da mesma forma, vestiriam as mesmas vestes brancas, comeriam as mesmas comidas naturais e tomariam os mesmos sucos. Esse mundo - de perfeita harmonia entre os iguais -- pode ser considerado muito chato para alguns, mas existe um segredo: todos teriam a obrigação de encontrar sua alma gêmea.
*Cena do filme THX 1138, onde mostra o mundo dos iguais.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Aos 41


Eu te vi e como te vi
Adorei te ver
e te procurei
Falei e falei
E, enfim, te convidei
E você recusou
Dias depois, te liguei

Convesa vai
Conversa vem
Vamos sair?
Você aceitou
A gente circulou
Com amigas
Sem amigas
Publicitá, Cafés e Cinema

E um dia te convidei
Tigrinha, queres conhecer minha vida?
Você subiu
E ali ficou
Tinhas vinte e poucos anos.

Os ventos fortes movem moinhos
Fugimos do sol
Olhamos para a lua
Encaramos os trovões
Plantamos a pequena sementinha
Cuidamos dela com muito carinho
Com Amor ela cresce bem

A gente está aqui
Ouvindo a chuva da manhã de terça-feira
Eu levanto às seis e você não acredita
Agora dormes bem
Sonho para que sonhes sem pesadelos
Como é dificil levantar no aconchego do nosso edredom
Te vejo e sinto serena e madura - quero ficar
Porque és mulher, minha eterna bípede

É lindo fazer parte da tua vida
aos 41.

Eu vi


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