Buscando não se sabe bem o quê.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O Cheiro do Vaso


Sem água fica azedo. O corpo fede. Desgraça. O mundo que cai. O mau humor generaliza. Não existe graça. Ninguém sorri. Esquisito. Complicado. Sarcástico. O vaso fede. Os dentes sujos. A roupa encardida. A alma do detrito. O cheiro de asa. O odor do mau hálito. O mijo entupido. Bronca. Muito bronca. Não tem comida na panela. Não tem água para limpar os pratos. Não tem água para limpar os panos. O encanador, o homem da rua, chega e diz que o fim de semana vai ser assim. Não tem outro jeito, vai ser assim. Os canos estão velhos, foram colocados na década de 60. Os apartamentos necessitam reforma. Os vizinhos querem alugar seu ativo imobilizado. Todo mundo tem que ceder. A patroa fica furiosa. Ela me liga e se queixa. Eu digo para ela que a paz é o melhor caminho e que a solidariedade humana é uma receita linda para o desenvolvimento interior das pessoas. O telefone é desligado imediatamente. Minha cara é de tacho. Não é possível mais ser engraçado nas horas vagas. Eu sou um implicante por natureza, mas implicância enche o saco. Eu sei disso, tem horas que não é possível implicar. Eu sei disso.Mas eu implico, porque eu sou um chato de galocha. Outro dia a água cristalina vai voltar para a doce residência e não vamos mais lembrar da tarde de hoje. Ela vai fazer parte de um passado distante e mau cheiroso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tomara que a patroa te demita!

Eu vi


visited 31 states (13.7%)
Create your own visited map of The World