Buscando não se sabe bem o quê.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Sobre líquidos e sólidos



Sou um deus que busca perdão. Procura conclusão. Existe deus sem empáfia. Ser incapaz de amassar bananas e comer o fruto que o diabo amassou. Vítima da blefe por mim causada. Um deus bípede que patina na graciosa interpretação. Não sou de aço e nem de vidro. Sou feito pele, a minha imagem e semelhança. Sou aquecedor de sopas no inverno. Como pode um deus ter dor nos joelhos? A garganta divina pode arder no frio? Pode sentir o vento na nuca? A dor do amor de aço é contundente. Interminável. Intempestiva, ela desaba sobre minha cabeça. Amassa tudo o que vê. Meu escudo. Teu escudo. Inflexível. Líquido. O sólido que não desmancha no ar.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Bananas Amassadas


Meu labirinto é o teu.
Somos presas da mesma senha.
Da mesma sanidade insana.
Somos nós.

Pobres nós.

Rebeldia, juízo, hipocrisia.
Vida, morte, fantasia.

Revela o fato descoberto.
Maquia a dor com detalhes.
A vida pode não ser nunca igual.
Cegos no otimismo.
Surdos na compreensão.

A história já assinalada.
Diálogos feitos. Livros raros.
Produção imprópria.
O frio que vem dos Andes.
O vento que abrange o sul.

Sintetizando palavras soltas.
Esquisitices anormais.
Catarse anacrônica.
Momentos líquidos.

Peras inválidas.
Maçãs que ficam pequenas.
Bananas Amassadas.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Por que a gente é assim?


Mais uma noite no sofá. É melhor que o banco do carro. É melhor que o flat frio. Pelo menos se respira família, ninho e amor. O futuro não é mais como era antigamente, dizem e repetem. Mas o futuro pode não repetir o passado. O futuro pode ser duvidoso e se transformar num museu de grandes novidades. Por que a gente é assim?

segunda-feira, 23 de julho de 2007

A Pilha da Esperança e a Caixa Silenciosa


A pilha da esperança está dentro da caixa silenciosa. Mas a caixa foi ao cinema e comigo ficou minha linda sementinha. Faço macarrão, carrego o jogo, chamo a atenção e ele se diverte. Pega na minha mão me chama de pai e brinca com os castelos do imaginário. Sento no chão e brinco. Mais tarde ela chega cheia de enigmas. Lê no quarto a última edição. Aflito dou voltas ao seu redor. Não quero abrir a caixa silenciosa, quero apenas que ela ajude a carregar a pilha da minha esperança.

domingo, 22 de julho de 2007

A Pilha do Mal


Ela energiza a negatividade. Ela parece eliminar o racionalismo. Ela impede a sensatez. Ela irradia confusão, neblinas, cerrações. Ela atrai o desejo pela simplicidade. Ela não é encantadora e nem sedutora. Não é linda nem maravilhosa. Muito menos, inteligente. A clareza se torna inconsequente. Pessoas se alimentam dela. Se deixam carregar por simples motivos. Irrelevantes ou não. Consequentes ou não. Atrapalhadas compram conflitos, cizâneas, intranquilidades. Ela está sempre disponível, basta a liberdade de querer. Não precisa pedir, ela vem. Sem motivo aparente, ela vem. Basta querer, ela vem. Ela não mede conseqüências. Toma conta de parte do ser. Invade o vício oculto da personalidade. Ela é impensável e inaugura a batalha do enigma que cria a história recorrente. Contagia pelo anonimato. A vontade fútil de não fazer nada. Ela desenvolve pela omissão de quem tem de estar presente. Mas um dia a ficha cai. E quando isso ocorre ela descarrega para sempre. E vai embora para outros cantos onde a falsidade tem condições de prosperar. Como se fosse o jogo do objetivo atingido. Te liberta, mano.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Detalhe


A foto é detalhe desapercebido.
Que guarde a lembrança
a visita está marcada para outra hora.
Chega tarde porque está com pressa.
Sai cedo porque tem muito a fazer.
E passou sem perceber pelo detalhe.
Que ficou ali - marcado
captado pela lente de um

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Caminhos, Voltas e Contornos



O filme perfeito foi perfeito. A cadeira leva ao topo do mundo, onde se pode ver a vista esplendorosa. O refúgio serve o goulash com spatzle. Dizem que o caldo é bom, apimentado e quente. O primeiro passo é cruzar a parede íngreme de neve. São metros e metros de desafio. A instrutora diz que o medo é uma falsa visão. Há de se olhar para a frente e condicionar as pernas a frear antes de fazer a curva e ziguezaguear até o terreno ficar mais plano. A fobia da visão deslumbrante, acima das nuvens e de todos, toma conta do corpo.



Lá em cima não existe caminho definido. Há apenas a imensidão branca, ampla e extensa, da neve fofa. A vontade de vencer faz o corpo precipitar sem controle de velocidade e direção. Tombo na primeira, na segunda e terceira volta. Não se pode esquecer, medo é falsa visão! Deve-se mergulhar na sensação deslumbrante de deslizar montanha abaixo e tentar, a todo custo, conter a velocidade fazendo voltas e contornos. A máscara amarela que envolve o rosto faz imaginar um filme. Mas os tombos são reais. O corpo contorcido que cai desengonçado entre os aparelhos. É muito difícil levantar. O mundo está lá embaixo aguardando a chegada. Há de se chegar. Esse é o desafio. Esse o emblema.




O tempo passa rápido e - devagar - se consegue vencer o paredão íngreme e branco do primeiro passo. O segundo tempo é barbada. É só seguir a estrada. A mente condiciona o corpo que se torce e retorce nas retas e nas curvas. O joelho se inclina para frear e o deslize é previamente monitorado. Quando as nuvens se aproximam a neblina toma conta do filme real. O vigor frio da montanha na sua intimidade branca. A vegetação encoberta que sobrevive ao inverno rigoroso. É tudo tão silencioso e tão branco no meio da gostosa cerração. Um outro mundo enigmático e desconhecido que desfila deslumbrante acompanhando meu circuito. No meio da montanha se avista os telhados da vila. O objetivo é sempre seguir o definido caminho. É tudo muito mais fácil quando se condiciona. Os obscuros labirintos da mente necessitam de direção. O corpo se prende ao caminho marcado pelas cores da dificuldade. Verde, azul, vermelho e preto. É só escolher a via a seguir.

O iniciante escolhe a verde da simplicidade. É o caminho da estrada de verão, época que as bicicletas sobem o "cerro" que se transforma em cores primaverais. É tudo mais tranquilo nessa fase. O corpo empinado para a frente relaxa atento e desliza como nunca antes havia feito. Basta seguir o rumo da pequena vila passando - incólume - por pedras, árvores e buracos. A neve, mais pisada não é tão mais fofa e o tornozelo sente o impacto do solo mais duro.



Finalmente se alcança a multidão do pé da montanha deslizando de forma veloz e segura. Mais um filme perfeito. Parece estar todo mundo olhando para as manobras e para essa história, mas cada um cuida de sua vida, de seus equilíbrios, de suas máscaras, de seus filmes e de seus caminhos planos e íngremes.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Filme Perfeito



Não quero falar sobre angústias. Vou subir a catedral e descer correndo deslizando até a estação. O astral deve ser ótimo. Frio, sol e música no ar. O filho começando as aulinhas enquanto as imagens são registradas na câmera de vídeo. Ela é tão bonita e fica muito charmosa com trajes de inverno. Meus óculos amarelados registram os fatos nos arquivos de meu confuso cérebro. Tudo como um filme perfeito.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Caixa de Respostas


Tento ser transparente em busca da confiança perdida. Não é fácil construir e reconstruir ilusões. A alma não pode ser pintada. Quando o castelo está para desmoronar parece que a areia fica fina demais para a reforma. Muita gente resolve desistir no meio do caminho, porque a mágoa é intempestiva. Volta sempre na hora errada. Quando está tudo muito bem ela chega sorrateira e invade a casa, a alma e a minha cabeça. Tenho de trabalhar e pouco consigo, além do trivial. Penso nisso, naquilo, mas ela está presente no canto do cérebro, palpitando, brilhando e tirando o foco de outras atrações e compromissos. Sem inspiração recuo e fico em silêncio. Não quero traçar estratégias, porque pretendo não racionalizar nessas horas. Meu peito de pura emoção quer dar uma resposta pronta e definitiva. O assunto acabado, finalizado. A busca de um epílogo. O fim da agonia que vai afundar a mágoa e o ressentimento é o que desejo. Mas o fim está próximo e está longe. Não é essa a lógica dos homens. O cíclo vem e volta e não se fecha. Preso no tempo respondo o contexto no texto. Mais um pedido de desculpa. Envio a resposta. Aguardo resposta.

Eu vi


visited 31 states (13.7%)
Create your own visited map of The World