Pipocas muitas. Chopps em litros. Litrões de refris. As infernais vuvuzelas com as cores da bandeira nacional. Gritos, berros, latidos do cachorro contente e aflito. Gol na copa. A favor ou contra. E a torcida festeja e chora. O técnico anda agitado, nervoso, de cócoras olhando para o jogo. O outro segue firme, envolto no seu casaco de grife que não combina com a camisa lilás. O juiz pressionado não tem mais o direito de errar. E a partida na Africa segue firme seu ritmo normal. Até o fim, até a vitória ou a derrota de quem ganhou ou perdeu.
Buscando não se sabe bem o quê.
terça-feira, 29 de junho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Colheita
Finalmente o sujeito se lembrou que tem de buscar o filho na escola. E o menino fica esperando. Como já ocorreu ontem e anteontem. Quando o carro estaciona a criança desce os degraus da escada com absoluta lentidão, sem vontade de ir. Até que um dia ele se dá conta que está preso numa cadeira sem rodas e passa os dias a esperar a visita do filho que apenas promete, mas nunca vem.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Apenas os Jovens Morrem Jovens
Minha amiga, eu me solidarizo. Meu agir patético foi inventado na hora. Não sei porque cargas dágua aquilo aconteceu. Simplesmente aconteceu. E agora -- quando o pão já está no forno -- tenho apenas de esperar dourar para servir. E o que faço com todo esse enigma? Parece que não penso, que tudo sai como se fosse por espanto. Não consigo controlar minha língua maquiavélica, meu olhar diabólico, minhas mãos retorcidas. E depois passo os dias a guiar, caminhando reflexivo, pelas ruas da noite a procura de um lugar para me embriagar.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Sonho Alegre
Qual o melhor conselho? Da mãe ou da avó? E o menino bobo se encantava por motocicletas e vícios. Um dia foi longe. Para o outro lado do rio. No meio do deserto americano, onde - dizem - moram os chacais. Não encontrou nenhum índio, mas os nativos de Wala Wala. E com eles jogou futebol, tomou cerveja e discutiu política. Levantou sua bagagem, sua mochila desarrumada e voltou para o apartamento familiar. Naquele tempo não havia internet. As opções eram restritas e por isso - tanto faz. Quando assoprava o LP do Gismonti passava a fumaça para o outro lado do bairro. E todos se divertiam. Era como se fosse aula de roda. Diferente da rotina de toda a vida. E num instante de muita paz. Bateu nele um certo "insight". E ele enxergou o mundo pela primeira vez. Mudou a postura da voz. Ergueu a coluna para andar mais alinhado. Cortou os cabelos, fez a barba. Deixou de ler Sartre. E passou a andar de carro veloz, passou perfume na cara. Um certo dia ele encontrou a menina diferente. Que não fazia parte de nenhum lado e sua presença sempre foi forte e marcante. E com ela aprendeu a deixar de ser besta, de ser fútil, de ser esnobe. Muito tempo depois, quando a vida parece bem mais uma necessidade, ele se deu conta de que percorreu o caminho certo, o rumo tranquilo. E por isso foi dormir feliz.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Enfim, Não Estamos Sós
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Equilíbrio
Retardando o tropeço ela ergue suas saias ventiladas de amor e ninho. Suspira fundo até o pescoço. Olha ao norte a procura de espaço e reflexão. Não era bem isso o que queria. Agora nem mais é tarde. Passa a noite. Passa o dia. O fogo de outrora continua. O desejo ardente do primeiro beijo que vai ser o primeiro detalhe de toda sua vida. E por isso ela se equilibra. E como equilibrista ela anda saltitante, olhando para os lados, para as curvas, para os homens que a admiram de longe e ela nem percebe. Porque ingênua, porque tonta, porque apenas uma menina.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Cansaço
Tenho de arrumar os trecos, os cacarecos, os troços, os negócios.
Tenho de ver como anda minha vida. Tenho pressa, tenho urgência.
Tenho de fechar agora a minha mala que anda vazia de tanto esforço.
Vou partir, mas volto já.
Não me aguarde, eu telefono.
Para dizer que estou bem.
Que estou fazendo o que devo fazer.
Que estou tranquilo.
E nem estou cansado.
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