Buscando não se sabe bem o quê.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Conselhos do Conselheiro




O Conselheiro Sentimental da Revista Caras continua no comando.

Margarida está deprimida e pergunta, o que posso fazer para sair da depressão? Respondo> Querida Margarida, procure levantar cedo e cheirar profundamente o calor da manhã. Busque nas cores das estações o ângulo mais certo. Seja gentil e amável com as pessoas ao teu redor mesmo que elas sejam cavalos ou trogloditas. Sorria porque é bom sorrir. Enfim, busque a felicidade a qualquer preço, mesmo que ele seja extorsivo.

Rapunzel Magoada brigou com seu príncipe, ele disse que encheu o saco, ela precisa de ajuda.
Respondo> Querida Rapunzel, seja como você sempre foi. Fique calma. Repire fundo. Pense antes de falar. Dê tempo ao tempo. Não faça besteira. Não ligue para o seu príncipe. Deixe ele sentir saudades. Não faça nada precipitado. Quem sabe um dia ele volta.

Louca entristecida perdeu a paciência com o marido. Ele não satisfaz suas vontades carnais, ela é fogosa e precisa de conselhos.
Respondo> Dear Louca, se a situação está complicada faça a suprema tentativa: compre uma lingerie vermelha e se debruce sobre ele. Veja o que ele faz. Se ele não der sinal de vida. Desista. Arranje outro.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Onde Está o Super Homem Que Existe Dentro de Nós?





Um bom administrador de vidas, e deus cego é exatamente isso, deve saber aceitar a vida como ela é. Isso pode ser muito fácil, pode ser muito simples, mas não é. Não é mole, é muito duro conseguir aceitar a vida como ela é. Muita gente não consegue fazer isso. E tem gente que acha que sabe fazer isso, mas não sabe. Não estou (please) a defender aqui uma certa índole conservadora. Não confunda aceitar a vida como ela é como as coisas são assim porque Deus quis ou o mundo é injusto, o que fazer? Não estou a defender, com essa minha tese piegas, a manutenção do status quo. Muito pelo contrário, aceitar a vida como ela é significa aceitar a própria existência, inclusive respeitar o ponto de vista das pessoas que estão ao nosso lado. E o ato de aceitar é o início, é o ponta pé inicial para qualquer tipo de mudança. Quem não aceita a vida como ela é está em permanente conflito consigo mesmo. Fica doente dos nervos por qualquer coisinha, respira estresse, colhe brigas e ressentimentos. O vivente que aceita a vida como ela é tem mais condições de mudar para melhor, porque uma forma de organizar melhor o pensamento ( e pensar bem faz bem) é saber aceitar a vida como ela é. Conheço alguns caras que estão chegando na meia idade, onde o sentimento de finitude começa a tomar conta da nossa existência, que simplesmente não aceitam a vida como ela é. E tentam ser o que não são. Formam personagens anacrônicos e imaturos e fazem de sua vida uma grande e irresponsável bagunça. E o momento certo ( ou limite) de aceitar a vida como ela é (sorry por repetir tanto essa frase) é exatamente esse, na meia idade. Administrar bem a vida, reconhecer nossos fracassos e virtudes, procurar corrigir a partir da nossa própria aceitação é a fórmula mágica e secreta de se obter sucesso, emocional, profissional, pessoal. Pronto, posso ser conselheiro sentimental da Revista Caras.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Sobre o Cheiro da Comida do Restaurante do Chinês do Lado.


Aspiro fundo a procura de um cheiro. No meu bloco de notas os compromissos agendados. Coloco os óculos para enchergar de perto. Anoto o que efetivamente é preciso. Estou em fase de economizar movimentos. E o cheiro, finalmente, aparece. Cheiro de fritura. Imagino uma grande panela com óleo até quase em cima e dentro dele nacos de carne sendo espalhados por toda a superfície. Ou pequenos camarões mergulhando na frigideira corroida pela banha saltitante.


De manhã cedo quando chego ao trabalho avisto o senhor chinês voltando da feira. Ele anda encurvado e carrega sacos de carnes, verduras e hortaliças. Seu andar é apressadinho. Os óculos grandes, velhos, pretos e redondos tomam conta de sua face. Ele nunca me cumprimenta. Eu nunca cumprimento ele. A gente simplesmente se conhece.


Um dia, em janeiro, fui ao restaurante do chinês ao lado. Estava com fome e comi pratos e pratos de camarão frito e a noite -- ao me recostar -- fiquei esperando o ronco dolorido do estômago. Nada disso aconteceu, os camarões estavam bons. Nunca mais voltei ao restaurante do chinês do lado.


Talvez no próximo janeiro, quando os deuses da vida estiverem descansando na praia, eu retorne. Por enquanto, aspiro -- meio enojado -- o aroma rançoso da carne ou dos camarões fritando na velha panela recheada de óleo. Penso no verão mormacento da cidade grande. Por enquanto me encolho e procuro alguma leitura um pouco mais agradável. Melhor mesmo é fechar a janela e ligar o ar.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sobre Minha Vã Filosofia


Nasci poeta porque gosto de escrever. Escrevo bobagens e petições. Aprendi a escrever com os dedos. E o mais interessante, aprendi a pensar com os dedos. Eu não vivo sem os meus dedos. Eles são minha cabeça pensante. Eles são muito mais rápidos do que meu cérebro. E tem horas -- juro por deus - que o meu cérebro quer que eu faça uma coisa e meus dedos fazem outra. E eu me atrapalho.

Sobre Um Certo (E Descartável) Celular Perdido e Encontrado




Perdi, meses atrás, meu celular. Tinha um monte de música que captei na páscoa em Buenos Aires. Tangos eletrônicos do tipo dub mix lounge ma non troppo. Procurei o diabo do celular em tudo que é lugar e coloquei a culpa no guardador de carros de uma churrascaria na Protásio Alves que levou meu carro para a garagem do estabelecimento. Mas não fiz nada, porque era apenas um celular, um aparelho que a gente troca como se fosse...... Bem, hoje é tudo descartável, até as relações humanas são assim.

E ontem no calor da madrugada, já cansado dos compromissos do plantão da porta de cadeia, dos hábeas para soltar menores bêbados, esses pequenos delinquentes que assustam as pessoas de bem nas calçadas da cidade, estressado diante dos problemas da vida me postei diante da santa cama e visualizei o maldido do celular perdido. Perguntei para minha deusa sonolenta: amada, que celular é aquele? É o teu que estava perdido nas entranhas do sofá, vai deitar que está tarde. E lá me fui me aconchegar feliz da vida, porque, enfim, não perdi os tangos dub mix lounge ma non troppo da minha coleção.

Sobre o óbvio


Quando deus fica famoso todo mundo reza por ele. Quando deus prega maldição mais fieis ele cativa. Quando deus posa de ar esnobe e autoritário mais cordeirinhos assinam a carteirinha de adesão. Os seres humanos definitivamente não sabem viver.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sobre o Amor de Maria Por José


Ela se chama Maria. Maria das Quintas ou Maria dos Carmos. Talvez, Maria de Fátima ou Maria do Rosário. Ou apenas Maria. Sim, apenas Maria. Maria é típica. É pequeninha, cabelos bem negros, olhar salteado e bunda grande. Maria de personalidade. Maria de ferro. Maria furiosa. Maria doente dos nervos. Quase ou semi apaixonada por José de Oliveira, assim ele se apresentava. Gajo que ela encontrou nos bares da freguesia. Com ele as coisas corriam diferente. Pelo menos, ele não queria apenas levá-la para a cama. Ela gostava, porque ele a convidava para dar umas voltas, mas não as mesmas voltas, outras voltas do tipo, olhar os prédios da redondeza e falar sobre a vida inesquecível de seus avós e suas aventuras de infância no Minho. Maria não estava apaixonada, porque nunca esteve, mas gostava, porque gostava, de ser levada e protegida pelo guarda-chuva de um homem bom com voz simples e mão molhada.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

living la vida loca




Quando entra no quarto um pequeno arremedo de luz, acordo. Gosto de fumo seco. Olhar largo da minha fabulosa expressão. O silêncio da cidade do outro continente. Ilustre herança dos nobres sentidos. Pergunto, porque gosto de perguntar. Ouço respostas e anoto todas no diário caduco da minha cabeça. O que posso fazer se me esqueço?

Eu vi


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