Buscando não se sabe bem o quê.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Gaiolas


Lá em cima elas voam. Disparam o sexto sentido. Elas estão indo para o norte. O bando sobrevoa a cidade. Os tambores do carnaval assustam. É necessário fazer o contorno em linha reta para outra direção. Ninguém sacode, nem mesmo o vento que ronda a madrugada. Dizem que elas fazem o verão. Elas assoviam na primavera comemorando o calor. A procura de insetos elas se alinham em direção a algum lugar. Entram pelas frestas das telhas para dentro do velho depósito e se batem entre as paredes. Elas estão assustadas e perdidas. Procuram uma saída que não encontram. É um pavor que não é humano. Elas se sentem seguras nas alturas, mas pousar é necessário para descansar. A vida que sobrevoa a natureza tem seus riscos, suas gaiolas. Alguém corre para libertá-las. É a utopia que descansa alegre.

Disparo




Não tenho saco. Estou com dor de barriga. Não comi nada. Não bebi nada. Não é fome, não é desarranjo, não é ânsia, nem aflição. Não quero tomar remédio, não precisa fazer um chá para mim. Eu me viro, eu me arranjo. Eu vou para a praia, eu volto para a cidade. Eu fico em ziguezague. Eu ando de lá para cá. Eu não gosto. Eu não tenho gosto. A barriga geme. Posso ficar rouco, posso ficar louco, posso até estar doente. Tanto faz. Não estou nem ai. Minha unha encravou, nasceu uma verruga no canto do meu olho. Este sinal que está aqui apareceu ontem. Não quero ir para o médico, não vou fazer exames. Detesto hospital. As enfermeiras não me excitam. Não quero procurar ninguém. Quero ficar por aqui. Olhando a vida disparar.
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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Hora do Inusitado




O dicionário de palavras esquisitas está ligado. Entro nele e passo a clicar nas palavras mais inusitadas possíveis. É hora da abobrinha e nessas horas de brincadeira, vale tudo. Você sabia que existe um metal chamado dachiardita? Ele é monolítico. Em Roraima, no braço direito do Rio Corumbiara havia um povo que se chamava Maba, eles também eram conhecidos como Mabas. Não sei se os Mabas conheciam a dachiardita. Creio que não.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Fausto


No final da tarde de ontem estava sozinho em casa. Estava pensando no que fazer. Dar uma corrida, uma caminhada, uma volta no bairro, ir ao shopping? Mas deu uma preguiça danada e fiquei em casa. Mas não queria ficar sozinho em casa. Peguei o celular e fiquei passando os nomes que constam da minha agenda. Ninguém está na cidade. Estão todos fora. Os amigos antigos que faz tempo não os vejo? Estão fora. Nesse mesmo instante, recebo um torpedo de um amigo de São Paulo, dizendo mais ou menos isso: estou na cidade louco para tomar um chopp.


A vida tem certas coincidências inexplicáveis. Meu amigo paulistano foi lá para casa e nos divertimos muito saboreando pernil de cordeiro grelhado com zuchini e um merlot da Pizatto chamado Fausto.


E minha dieta foi para o espaço. Claro, acordei com dor de cabeça.

Éramos Seis




Quando alguém morre pensamos na vida. Dizem que antes da morte passa pela mente toda a existência. Hoje pensei na existência quando me desloquei de carro para o trabalho. Não lembro de nada do que vi na rua. Não vi pessoas, carros, sinais. Não sei como está o tempo lá fora. Estava mergulhando nos meus pensamentos. Um amigo meu se separou. Ele me visitou ontem e contou que estava vivendo num labirinto de angústias. Fiquei com pena dele, porque percebi que ele não está conseguindo achar a porta do labirinto. Ele se afoga. Ele fumou seis cigarros. Eu deixei de fumar faz tempo e por isso, depois que ele saiu, eu contei as baganas. Eram seis. Éramos seis foi um dos primeiros romance que li. Uma história de uma família paulistana contada pela Maria José Dupré, lá do ano de 1943. Aos poucos as pessoas começavam a morrer, de acidente, de doença, coisas da vida. Mergulhei no livro que me deixou angustiado. Talvez a mesma angústia que carrego hoje, porque alguém se foi.

Antônio


Seu Antônio era magrinho, não comia carne. Motorista cuidadoso e sempre com boa cara. Hoje seu Antônio foi para o céu, virou estrelinha e, de agora em diante, fica na memória das nossas vidas. Estava dormindo quando recebi o telefonema. Seu Antônio morreu. Como assim? Morreu de quê? Teve um infarte fulminante, foi para o hospital, não resistiu. Que merda.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Abstinência


Dez dias sem um traguinho. Nem chopp, nem vinho, nem vodka, nem caipirinha depois da praia. Minto, no sábado tomei uma tulipa comemorativa de espumante. Nada mais além disso. É bom? É. Pelo menos, a gente não acorda com dor de cabeça. E o corpo fica mais sólido, mais ágil e a cara não fica inchada.

O difícil é iniciar, depois é só seguir a onda. Hoje eu tenho um happy hour com o pessoal do trabalho. Vou ficar na coca light com muito gelo e limão.

Eu vi


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