Buscando não se sabe bem o quê.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Absolutamente Terno


Sei que posso estar enganado, por  lutar por um canto, um pedaço de fome, um amor qualquer, apenas para recuperar, o meu ponto de vista, que anda distante, muito distante, além das núvens, além das minhas grandes possibilidades.

Mas não vou desistir, porque minha luta, é contra tudo, contra todos, inclusive contra você, porque eu tento me identificar, com algo, com alguém, com o que for necessário, para me identificar.

E por isso faço da alma coração, faço do sangue a minha morada, faço da garra a minha percussão, o ritmo que bate, com o rufar dos tambores, os trompetes e as clarinetas, porque quando endureço jamais perco a ternura.

O Tempo de Lacan


O velho compositor que dizia: acabou-se o tempo, findou-se o riso. Acabrunhado o povo saia do circo querendo mais, muito mais. É  a velha receita do comerciante - que Lacan copiou para a psicanálise -- gostou parou e o cliente volta depois.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Aldravas


Empurro a argola com minha mão forte, mas debilitada. Ela bate na maçaneta que abre as minhas incontáveis e inseparáveis  portas. Esqueci o segredo, porque nessas horas, eu sempre esqueço. Não tenho chaves e nem senhas. Simplesmente ultrapasso, apesar de sentir o corpo zonzo, cansado,  mole, porque a febre faz intercalar a sensação de  frio e calor.  Porque estamos no outono e tenho aqui comigo a inaudita sensação de calafrio. Talvez porque me calei por tanto tempo e diante dessa curiosa empreitada algo me diz que devo retonar. Aprendi a inusitada receita de contemporizar. E acabo por pagar a conta que me apresentam. Mesmo com minha voz debochada, diante da ligação do telemarketing, eu recrudesço. Fico intenso e chego quase a me transformar, porque vivo um momento de superação de meus próprios alicerces.  Busco algum tipo de conforto, alguma droga daninha, uma bebida qualquer, um vício desesperado pela comida boa e gordurosa. Espicho os músculos até relaxar nas horas da minha ginástica. Tento desvendar os meus limites quando coloco os pés no chão, porque eu sou contraditório. E vivo nesse paradoxo incontornável, assumindo os riscos das minhas escolhas.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Espera


Seu rosto postado no travesseiro, olhando para mim com seus olhinhos pequenos. A voz grossa e grave não se ouve mais. Apenas o cheiro da cama, das sondas, dos drenos, das gases, dos curativos, dos medicamentos, das máquinas ligadas ao corpo que jaz na cama adormecido, sem vontade de comer, de falar, de ouvir, de andar. E  nosso receio é que acabe também a sua vontade de viver.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Memórias


Quando acessei o theatro não tive a certeza de que estava no caminho certo. Falam tantas versões por ai que fiquei inseguro. Sei lá, podia ser um outro local, alguma farsa ou coisa do tipo. De qualquer modo, ali permaneci algum tempo, porque resolvi falar pelo telefone com um cliente amigo, conversa essa que durou mais ou menos 15 minutos. Depois esqueci, porque as pessoas esquecem e eu também esqueço. É normal esquecer, como é normal falhar, ratear. A gente rateia, a gente erra, a gente esquece. Pois eu esqueci e o acesso do theatro ficou aberto. A noite inteira aberto, a manhã inteira aberto e, de tarde, logo depois do almoço, resolvi ver como estavam as coisas  e tudo morreu. Tudo desapareceu. Tudo o que construi não existe mais, foi retirado, sem memória e sem direito à memória, o que é desesperador. No meio da angústia uma alma nobre entrou em contato e disse: é fácil reparar o que está feito, basta seguir as seguintes dicas. E assim fiz até recuperar tudo, inclusive as memórias e o direito às memórias.

Eu vi


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