Buscando não se sabe bem o quê.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Por que Blogueamos?


Porque gostamos de nos exibir, porque "nos achamos", porque nos consideramos "os caras", porque temos necessidade de contar histórias, de dizer alguma coisa para alguém, qualquer alguém ou ninguém. Porque tudo e nada é a mesma coisa. Porque gostamos da nossa vida privada, mas tem horas que "enchemos o saco" dela. Porque somos sempre ambivalentes. Porque a vida é processo dialético neste mundo contraditório. E sempre nos deparamos com as testes, antíteses e sínteses. E somos obrigados -- ou não -- a fazer certas escolhas e opções. E no meio de toda essa angústia temos vontade de abrir a boca. Dizer a todos ou a ninguém porque estamos aqui, o que sentimos, as fotos que tiramos e admiramos, as músicas que gostamos de ouvir, o que gostamos e o que detestamos, as prosas, as poesias e as nossas vãs filosofias. Acho que falei demais ou, talvez, de menos.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Certas Percepções Difíceis e Complicadas


Percebi - hoje - que tenho medo de ser rejeitado. Que nunca gostei de receber um não. E por isso tenho uma preguiça imensa de realizar meus objetivos. E, por isso, eu sempre digo: é muito dificil, é muito complicado.

Percebi- também - que meus pares também têm essa mesma fobia. E nossa família, por conta disso, nunca teve uma discussão sincera. E assim fomos educados. Assim foi minha vida - até hoje.

Percebo - no entanto - que não vai ser fácil modificar o que até hoje ficou estabelecido. Tenho de transgredir, de violar meus limites, colocar o tom da minha voz acima das minhas fronteiras. E tudo isso é muito complicado. Tudo isso é muito dificil, porque estou viciado nesse forma de gestão de vida, nessa filosofia que está impregnada e infiltrada no coração de meu ser.

Percebo - apesar de tudo - que posso evoluir pelo simples fato de que percebi. Posso sim ser rejeitado, posso sim receber um não. E quando isso ocorrer não tenho de ficar cabisbaixo, abatido, humilhado. Muito pelo contrário, tenho de manter a cabeça erguida e partir para outro desafio. Pois assim a vida é. E ela continua.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Intricado


Se algum tempo sobrevivi diante de tantas agonias é porque meu riso não comporta mais lágrimas. De agora em diante quero rir e sorrir sem contemplar os arcabouços que ficaram para trás perdidos em algum espaço da minha narrativa. Não, não quero mais perceber que não sou tão forte assim. Posso me tornar impietuoso, arrebatado, inclemente. Não posso ser mais ouvidos, tenho de agir e agir logo, porque senão eu perco meu perigo. Não me subestimes, porque minha capacidade está muito além da minha loucura, dos meus devaneios, trancada no quarto das minhas obras primas. Enquanto ouvia os soluços retumbantes das reclamações deixava para o além os desafios mais importantes. E perdi tempo com isso. Agora que estou velho como o diabo minhas forças parecem tão enfadonhas. É porque elas estão viciadas, porque sempre fiz tudo no mesmo ritmo e só consigo dançar a mesma valsa que sempre me embalou. O cansaço entretém o corpo afunilando-o com seus braços sempre fortes. Não temos chance de resistir, mas resistimos. E por isso corremos até o fôlego acabar e quase alcançamos a última esquina, onde o milagre pode aparecer e nos levar fora daqui.

Sede


Cai a gota
que enxugo
enquanto suo
a carne que  expele
o líquido do corpo
que corre
na sobrancelha
e se derrama
em frente aos olhos
ninguém percebe
porque não é para perceber.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sombras de Dúvida


Vagueia sem motivo por alguma rua sincera. O suor corre o rosto, enxarca a camisa social, porque é quase 40 e a luz solar no sul deste país é mais forte do que no norte. As casinhas conjugadas vão passando, uma a uma. Portas abertas, janelas fechadas, a mulher negra que fala ao celular apoiada na grade da sala de estar. O rapaz ouve o rádio no Fiat estacionado na mesma rua. Todos querem saber se ele vem ou não vem.

E ao chegar na grande avenida o calor é mais forte e intenso. Procura uma sombra, uma árvore qualquer, um grande arbusto, uma marquise, o que tiver de proteção. A casa chinesa anda vazia, as porcelanas estão penduradas na mesma vitrine do ano passado. Nada mudou por ali. No posto de gasolina poucos carros estacionam, a locadora está fechada e os sorvetes estão à disposição na loja de conveniência. A música toca, mas a notícia aguardada é saber se ele vem ou não vem.

O condomínio de luxo que foi erguido não faz muito tempo está desbotado. O opaco padrão neoclássico deu lugar às manchas escuras que a fuligem do tempo deixou. O destino final está próximo porque o portão do prédio de granito esverdeado se abriu.  Neste ano, o porteiro do prédio não é mais o senhor simpático que faz sempre a mesma pergunta todos os dias da semana. Algo mudou por aqui. No elevador o casal esboça  um pequeno beijo interrompido com a presença de um novo passageiro. Todos se olham no espelho antes de subir. Eles querem saber se ele vem ou não vem.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Noite


Podre
de tanto amar
no lençol de cores fortes
a marca do calor da ambição

emoção quase impertinente
que simboliza
a vitória da ganância.

Dorme sincera
quase sem defeitos
nem marcas ou sinais
sem passados de angústia
ou dores de ressentimento

Por tanto tempo cobicei
apenas por cobiçar
e agora, no entanto,
sinto confuso
porque nada posso fazer
a não ser acompanhar
o silêncio de um sono
interminável.

Eu vi


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