Buscando não se sabe bem o quê.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Explode, Desgraçada, Explode




Acordei quase surdo. Uma bolha de água entupiu meu ouvido direito. Ela me atrapalha feito pedra no sapato. O mundo fica capenga. Tentei pular, feito saci, apenas com a perna direita e inclinando a cabeça para o lado... direito. Não deu certo. Passei cotonete, passei alcool no cotonete, fiz massagem. Não deu certo. Rezei para deus, xangô e nossa senhora da aparecida. A bolha não desapareceu. Necessito de um alívio imediato, não aguento mais esse "vácuo auditivo". Pensei em me matar, mas não vou ser tão radical, porque meu lado racional é bastante forte. Pensei em ir ao médico. Aliás, foi isso o que sugeriu minha prima amiga. Mas não vou incomodar o doutor por causa de uma pequena bolha dágua que incomoda o meu ouvido. Daqui a pouco ela explode.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Gentileza Faz Bem Para a Alma



deusinha

Eu vou gravar Lost para ti.

O teu carro está na lavagem.
Mandei passar mangueira embaixo.
O serviço custa 25 reais.
Pedi para não utilizarem o spray com cheiro forte de alfazema.
Dá enjoo.

Ontem fui no super.
Comprei banana, iogurte e filé de bacalhau.
Gastei uma grana.
Depois a gente acerta.

Faleceu a mãe da nossa arquiteta.
Aquela que cobrava honorários quando dormia.
Porque estava pensando no assunto.
Vou lá dar um abraço nela.

Lembrei de ti ontem.
Quando assistia a apresentação da Catarina e do Boris.
Eles dançam tão bem e como deslizam naqueles patins.
E a música tão adorável, o tema de Lara.

Quinta-feira vou para a rodoviária.
De mochila e fones de ouvido.
Vou pegar o ônibus que sai as 5.
Direto, porque não gosto de pinga pinga.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O Pacote




Cara, estou morrendo de curiosidade. O motoboy colocou em cima da mesa um pacote que veio da Suiça diretamente para a minha deusa. O que terá dentro dele? Chocolates, relógios, livros sobre os "charmings places" dos cantões? No pacote tinha uma pequena fenda e eu ergui o papelão, com minhas mãos desajeitadas. Fui só dar uma espiada. Sei que isso caracteriza uma hybris, mas que posso fazer se sou humano? Todavia, o maldito do troço está herméticamente fechado e nada deu para ver além do papel branco que envolve essa caixa de Pandora. O que estará perdido ali dentro?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Os Torpedos de Zulmira



17:30
Piranha. Fui.
Lipo
16:20
Graciosa, deslumbrante, gatíssima.
Sérgio Braga

14:35
Zu
Onde tu tá? O Lipo disse que tu não presta, que tu não liga para ele, que tu desaparece. O cara é massa. Não descurte.
Mara
14:03
Gatinha
Te passei o cartão com o e-mail. Sou o carinha do chapéu de viking. Liga.
Leo
10:00
Tô em casa. Cansei. A gente se perdeu. Te procurei. Foda-se.
Lipo
6:00
Continuo no Bar do Pipoca na Av. Central. Lipo.
0:46
Zu, eu te perdi. Vou para o Bar do Pipoca. Lipo
11:20
Larga ele e vem cá. Sérgio

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Mulher Ardente




Dez entre dez homens se apaixonam por mulheres enigmáticas e misteriosas. Esta história é sobre uma delas. Ela era gostosa, maluca e mentirosa. Todos os rapazes da cidade sabiam que ela mentia e todos gostavam de sair com ela e tinham por ela aquela paixão juvenil de não conseguir dormir, porque a excitação não deixava. Ela não tinha o mínimo cuidado em inventar desculpas e muitas vezes ela se contradizia e quando se mostrava para ela o tamanho da contradição ela começava a desabotoar a blusa e abrir docemente as calças do parceiro, com olhar certeiro sobre o que efetivamente importa. E toda aquela mentira, aquelas contradições caiam por terra, porque o sexo com ela era ardente. E ela gostava de fazer tudo o que pediam. Depois ela se levantava, se ajeitava, se vestia, pegava o celular da bolsa grande e começava a bater papo com outros viventes que ela dizia serem seus primos ou irmãos. E depois desaparecia. O tempo passava e os ansiosos começavam a ligar para ela. Mas ela não atendia o telefone e pedia para sua mãe, sua grande cúmplice, dizer que estava dormindo porque não aguentava mais as cólicas da TPM. A desculpa era sempre essa. E ela fazia isso com todos, sem exceção e criou-se, na cidade, assim, uma rede de admiradores dessa mulher misteriosa. Os rapazes se encontravam nas noites de sexta-feira onde tomavam os chopps do início do fim de semana. Eles falavam de tudo, das namoradas, do trabalho, dos times de futebol, das prostitutas da tia Suzana, mas um assunto ninguém tocava, porque havia algo de profano nele: os detalhes íntimos que cada um teve com aquela enigmática mulher. Todos queriam ela para si, mas ninguém tinha coragem de admitir isso, porque ela tinha dado para todos e havia recusado todos.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

20 Pontos na Carteira




Mãezinha

Levei o filho na escola e busquei o filho na escola. Comprei chocolate no caminho porque ele pediu, disse que estava com fome e precisava se alimentar e que eu tinha de conquistá-lo. Fiz tudo o que ele pediu e deixei ele em casa. Depois, quando andava pela Borges, meu carro parou porque esqueci de colocar gasolina e o IPVA estava em aberto, levei duas multas de um guardinha safado e estou com mais de 20 pontos na carteira. Fiquei com vergonha de te pedir quando te liguei, mas é possível eu passar para ti essa multa? Por favor, mãezinha, me ajuda. Já pensou eu sem carteira? Vai ser uma incomodação para dodói. Como vou poder levar o guri para escola? Eu sei que não é ético, mas é normal e estamos no Brasil, este país da safadeza. A vida funciona assim por aqui. Me ajuda. Please! Não posso ficar sem a minha van.

Jane, Enfim, uma Rainha Boa



Jane, seu nome é Jane. O rei andava exausto e foi dar um passeio pelo campo. Foi até a terra de um nobre no interior. Lá encontrou Jane e a chamou para fazer parte da corte. Ana, a Bolena, logo viu que aquela linda loira poderia ser uma rival e as coisas não andavam bem no casamento real. Ai que dor.

E quando Ana, a Bolena, teve a cabeça cortada pelo executor de Callais, o rei foi logo correndo abraçar Jane e o casamento foi marcado. Ela fez questão que ele convidasse para a corte as duas filhas dos casamentos anteriores, Mary e Elisabeth.

E o povo, então, começou a cantar em dó maior: "Jane, que bela Jane, fez o rei sorrir porque trouxe para a Corte suas filhas princesas."

Enganam-se aqueles que acham que as rainhas são sempre más. Se elas são assim, Jane é exceção. Pena que durou pouco tempo. Que época complicada, as mulheres morriam de parto. Mas uma boa notícia a corte recebeu: nasceu o filho varão. O rei, finalmente tem um macho sucessor.

Pobre Jane, a rainha boa, silenciosa e meiga que durou tão pouco tempo.

O povo, então, passou a cantar em ré menor: "Jane, que bela Jane, fez o rei sorrir, uniu a família real, mas morreu cedo feito fogo no quintal."

Af Maria




Não sou deus por ser religioso, por causa de fé e coisas do além. Sou deus por pura picardia, por galhofa, por fanfarrice. Que Deus tenha piedade de mim.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Pequeno Tour Mitológico




Ulisses ou Odisseu e sua amada (e traída) Penélope - obra de Francesco Primaticcio (1505(1505)–1570(1570))


Meu sonho é ser um deus grego

Longe de casa, depois de 20 anos, o rei Ulisses retorna ao lar. Depois de uma odisséia de tanto tempo ele reencontra sua Penélope e o filho Telêmaco, o guri tinha dias quando seu pai foi convocado para a guerra de Troia, aquela do presente de grego. Ítaca mudou muito em 20 anos, a barbárie do caos quase tomou conta da situação, porque pretendentes não faltavam e todos queriam o lugar de Ulisses. Além disso, (por que não?) eles cobiçavam sua mulher. 10 entre 10 pretendentes queriam mesmo é deitar com a bela (e gostosa) Penélope. A lenda diz que ela se manteve fiel. Mas Ulisses ao lar retornou e o que efetivamente importa é que a harmonia da ordem cósmica, enfim, foi reestabelecida. O final é feliz, porque assim devem ser todos os finais. A ordem deve sempre preponderar diante do caos e a gente nunca pode se esquecer disso. Ulisses, em sua longa viagem, travou sua grande luta contra o esquecimento. Esse foi seu grande desafio, sua grande odisséia. Ele foi amarrado no mastro do navio para não ouvir o canto das sereias, preferiu não provar a flor de lotus que deixa o vivente abobalhado e esquecido. Mesmo assim, com todas essas façanhas, não conseguiu se afastar do pecado da carne, pois foi para a cama com outras mulheres, sobretudo com a bela bruxa Circe e a ninfa Calipso que lhe prometeu -- vejam só -- a imortalidade. E o bom herói Ulisses recusou tudo isso, porque o que efetivamente importa é voltar para casa e recuperar a normalidade perdida. A harmonia e o equilíbrio dependem disso, da volta de Ulisses. Não importa a que preço, uma vez que todos os companheiros e soldados de Ulisses não resistiram à odisséia, só ele sobrou, só ele voltou. E Zeus, o deus dos deuses, aquele que luta de forma um pouco ambivalente pela manutenção do cosmos tinha até uma grande simpatia pelo herói grego e juntou os pauzinhos para que o final fosse feliz. E foi.





A bela Pandora e sua enigmática caixa que era um vaso, por Jules Joseph Lefebvre, 1882,

Eu poderia contar antes o mito de Prometeu, pela ordem lógica dos fatos, mas em homenagem às mulheres, esses seres tão encantadores, prefiro iniciar com Pandora. O mito, na real, é o mesmo. Começa assim: na idade de ouro, quando tudo era perfeito e não havia caos, o mundo era habitado apenas por homens. Eles eram assexuados, não se reproduziam, não brigavam, não faziam cizânias e nasciam e morriam de acordo com a vontade dos deuses. E a morte sempre era boa. Depois de certa idade, o vivente dormia e puf, morria. O mundo era paz. A comida era farta e não era necessário trabalhar, porque os deuses se encarregavam de alimentar os humanos. Tudo, tudo, tudo perfeitamente harmônico e organizado. Na verdade, uma puta chatice. E Zeus, o grande e poderoso Zeus, incomodado com a rotina do mundo perfeito e totalmente equilibrado (sim os deuses têm sim suas ambivalências) , se deu conta disso e resolveu colocar um pouco de graça e de caos no mundo e, nesse sentido, resolveu criar a mulher. Ela se chama Pandora, linda, sexi, exibida e que almeja sempre além da conta e, evidentemente, enlouquece todos os homens que olham e convivem com ela. Além de criar a exuberante Pandora, Zeus deu a ela uma caixa que, na verdade era uma ânfora, que tinha de ficar fechada com todas as hybris e pecados possíveis. No fundo do recipiente se encontrava a esperança. E a caixa foi, evidentemente, aberta e a humanidade, enfim, se tornou mais humana (e menos cósmica), porque passou a conviver com o (necessário) caos.




Prometeu traz fogo à humanidade, tela de Heinrich Fieguer, 1817

Tudo isso começou porque o tadinho do Prometeu -- esse titã que tinha quick mind e percebia tudo na frente dos outros -- junto com seu irmão Epimeteu -- aquele burrinho que só entende depois que todos já entenderam -- esses curiosos irmãos titãs resolveram criar os animais e os homens - lembrem-se apenas os humanos do sexo masculino. Mas Prometeu cometeu um erro crasso, deu aos homens o que era exclusivo dos deuses, o fogo. E foi punido por Zeus que o acorrentou no alto da montanha e todo fim do dia uma águia o visitava para comer uma parte de seu figado. Isso doi para dodoi. Como Prometeu era titã e, portanto, imortal não podia ele morrer de fome, de sede e de medo, atributo que só os humanos têm. O que é melhor, morrer ou ficar acorrentado numa montanha sendo devorado todo dia por uma aguia amaldiçoada? Mas Zeus com sua ira não puniu apenas o titã, os homens também foram punidos (punidos???). Como já referi, Zeus criou Pandora, a primeira mulher, aquela que trouxe ao mundo os necessários pecados, as gotas do desequilíbrio, as confusões e o caos.

Eu vi


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