Buscando não se sabe bem o quê.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Considerações Tempestivas




Eu não gosto de certas canções de protestos. Elas são simplistas e demagógicas. Elas são panfletárias. Elas jogam na cara do ouvinte algum tipo de protesto. É a falta de moradia, é a carestia, é a difícil vida na favela, é o caos da violência urbana que decepa vidas jovens, é o barato da droga que anestesia os passos do cotidiano. Eu não sou insensível a esse tipo de movimento. Penso que no mundo onde estamos embutidos o espaço da diversidade deve ser o mais amplo e aberto possível. Acho que temos sim de lutar por uma sociedade justa e igualitária para todos. No fundo, no fundo, eu não discordo da utopia do mundo melhor, minha discordância é com o processo, o de como chegar até lá, que modos, que métodos são utilizados para construir um mundo melhor e possível. Tem gente que acredita na guerra, tem gente que acredita na violência, tem gente que acredita no confronto, tem gente que acredita piamente no caminho da divergência e da intolerância. Tem gente que acredita que o radicalismo é a solução para tudo, que devemos ir sempre na raiz dos problemas. Eu também acho que a raiz dos problemas não devem ser descartadas. É preciso analisar cada questão e tentar solver os pontos controvertidos de acordo com o que for mais razoável, mais crível, mais sensato. Isso se chama tolerância. O homem é uma criatura que pensa e que deve, por isso, agir com sensatez. Geralmente a solução dos conflitos não está na raiz, mas no meio termo. É assim que se resolve os impasses pela transação. Cada parte envolvida abre mão de certos bonus e benefícios para compôr. Isso se chama pacto e convergência. A via dessa convergência não ocorre apenas para resolver dissídios individuais, ela pode ser percorrida para resolver conflitos sociais muito mais amplos. Países que vivenciaram grandes conflitos sociais, como a Espanha da época de Franco e da guerra civil fez um grande pacto social exatamente para dirimir seus conflitos. E esse pacto deu certo, tanto isso é verdade que o país se transformou em uma potencia de desenvolvimento social. O mesmo ocorreu com Portugal, pós revolução dos cravos, com o Chile, pós Pinochet, etc. Certas canções de protesto não levam em conta nada disso. Elas simplesmente espalham o ódio panfletário por todos os lados, como metralhadora giratória. E se pegar pegou. Por isso eu não gosto de certas canções de protesto e detesto os panfletos da simplificação. Que o mundo mude, mas que mude com sensatez e tolerância.

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