Buscando não se sabe bem o quê.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Os Enamorados




Esbanja essa cara oca, o amor troglodita que vislumbra próximo. Ele bate - ela bate. Eles dizem que se amam. Eles se detestam e se adoram. Eles se unem e se glorificam. O tempo passa só para eles. Nada mais é sublime. Nem mesmo o tempo dos outros. Espanto. Flores molhadas pela chuva que cai sobre o vaso no jardim. Ele descansa, ela descansa. Os dois dormem e o perigo mora lá fora. O perigo é o medo que mata. É a forma equivocada de reconhecer a intimidade perdida. Ela esbanja - ele esbanja. Tem medo do quê? Tem fome do quê? Eles se comem no mormaço. Gotas suam escorrendo dos rostos encostados. Alaga a pele e os dedos. Eles gozam perenes e dormem porque procuram descanso.

Passa a tarde, passa a tardinha, a noite chega e eles dormem. Dormem como se fosse para sempre. Dormem doidinhos. Dormem pelados. Dormem como macho e fêmea. Dormem saciados de fome. E quando acordam o dia já passou e tem muita noite pela frente. Nessa hora ninguém tem fome. Ninguém tem nada. A idéia é uma só. Sair.

Eles giram a ignição de seus carros e marcham contentes para a boemia da grande cidade. Suas curvas e cheiros estão prontas para abocanhar machos e fêmeas, fêmeas e machos. E nessa conjuntura eles partem na direção do conhecido desconhecido. Em que cama eles restarão postados? Mas existe a possibilidade deles acordarem juntinhos, no mesmo colchão molhado de líquido, de febre e gozo, de manchas e sonhos, de sublimação e desvios.

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