Buscando não se sabe bem o quê.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A Professorinha


Teus olhos são negros. Negros como a alma. Negros como a cor da vida. Negros como a presença de todas as cores. São negros. Negros e belos. Impossível parar de olhar para eles. Negros. Totalmente negros. Mais negros que a negritude. Mais negros que a escuridão sem fim.
A reflexão é a seguinte. Não se pode, sob hipótese alguma, mostrar indiferença em relação às contradições impostas e que não podem, simplesmente, ser varridas para baixo de algum solitário móvel. Exclama: não podem, não devem, não quero!
Os diálogos impostos são apenas parte de uma reflexão inesgotável sobre a existência humana. Entre o dever de casa e os compromissos da vida real existe um grande caminho a percorrer. E todos sabem disso. Está reclamando por que?
E no alto do altar, a professorinha discute sobre o tema em questão. Seus alunos ficam admirados com sua singeleza e clareza que contrasta com sua forte imposição. O quadro negro realça seus negros olhos. São olhos de pessoa brava, que cobra de tudo e de todos o dever cumprido. Rigorosa ela não varre poeira para baixo das cadeiras, sem contradições. Ela quer descobrir sempre a fonte inesgotável do conhecimento.
No fundo da classe, da sala de aula, sempre no mais nebuloso local, sentado, o inspetor adivinha os próximos passos, preparando o necessário relatório, as fórmulas parecem esgotadas. Mas não estão. Ele pinça os detalhes e não percebeu -- porque não quis perceber -- os negros olhos da linda professorinha.

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