Buscando não se sabe bem o quê.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Um Prisioneiro Refém de sua Pena


Pisando em ovos e cheio de dedos ele não pode se transformar num galo. Nem em um corvo. Não pode, também, passar por farofeiro, nem mesmo maluco demais. Ele deve passar longe dos galinheiros e evitar as galinhas -- de coxas gorduchas e pescoço enrugado. Não. Não. Ninguém quer ser o dono do punhal que habita o lar. Nem de férias, nem de licença.


Cada um deve ser como é. Exatamente como manda a alma, com ligeiras imperfeições que podem ser modificadas com uma boa e pacienciosa conversa. Não se pode negar que ela, a alma, foi corrompida pelo equívoco, porque ela foi. É fato consumado. A pena tem e deve ser executada. Ele é o prisioneiro de sua própria falta que tenta (e quer) pagar seus pecados engolindo vários copos de cólera. Mas a pena pode ser fatal e a cólera mata em 36 horas. O corpo fica no chão do silêncio imóvel. As pessoas passam e olham incomunicáveis. Olha o gordo balofo jogado ali no chão!


Vencido pelo cansaço de uma pena não cumprida, o prisioneiro continua a suspirar a procura de uma punição. Vigia de sua própria sorte ele quer cumprir sua pena. Custe o que custar.

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