Buscando não se sabe bem o quê.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Relógio


Na impessoalidade convivo com minhas energias. Não sei que carga elas têm nem se são negativas ou positivas. Não medi, ainda, o termômetro da minha temperatura. Sofro e convivo com a febre terçã benigna, maligna que se transforma em febre quartã e que expõe meu corpo a momentos de cólera que convulsiona todos meus instintos noturnos e diúrnos. Acordo seco com um palavrão e um chute na altura do joelho. Nem bom dia, boa noite, nem nada. Apenas o murmúrio da tempestade que rola solta lá fora e derruba o vazo de palmeira bem em cima dos telhados dos puxadinhos que construi com a sobra da minha pensão. Escrevo esses detalhes -atentamente - para que eu possa lembrar e refletir sobre esses dados e para que eu não esqueça. Minha memória anda tomada pelas névoas que circundam o meu dia a dia. São espectros visíveis e invisíveis que carregam e descarregam as pilhas do meu pensamento. Eu, infelizmente, não tenho mais o controle sobre meu corpo que escorrega vazio nas esquinas desse imenso labirinto que não consigo vasculhar, por absoluta falta de vontade e de tempo. Tempo que falta e tempo que rende e se esgota sempre antes de terminar. Passo o dia contando o tempo das horas e olhando para a janela da alma a espera de alguma energia que carregue algum resquício de uma vida admirável. Posso cantar e ser gentil, posso inventar mil coisas, posso ser um grande equivocado, mas o que mais prezo e nunca - nunca, nunca - vai descarregar da memória plana de meus sentimentos é o relógio do imenso amor que sinto por ti.

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Eu vi


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