Buscando não se sabe bem o quê.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Respeito




Ele queria respeito. Tanto viu, tanto ouviu, tanto sentiu na pele a marca do ódio de seus familiares. É dificil dormir quando a noite é pesada, quando se está de cabeça quente e se tem a absoluta certeza de que a vida, de agora em diante, vai ser diferente.
Ele matou o homem apenas porque se irritou, porque bebeu demais, porque fumou, porque o cabra falara mal de sua família, de seu pai que já morreu, de sua mãe que foi morar com outro e abandonou o lar, de sua irmã vagabunda. O canivete azul da cor do seu time acertou direto a veia do pescoço e o sangue começou a escorrer. Não havia como resistir. Ele correu pelas ruas, passou por avenidas movimentadas, pegou dois ônibus até chegar onde ele atualmente está, na casa de uma amiga que não sabe de nada.
Ele não pode dormir, não consegue. Não é preciso insistir. Sem lástimas ou clichês, porque o que está feito está feito. Não foi um pesadelo, nem apenas um sonho. É a maldita realidade em sua face mais crua, cruel. Com tanta angústia no coração ele se aproxima dela e os dois se enroscam. Ele não se lembra de ter chorado dessa forma antes na vida e por alguns minutos ele esquece. Assim como esquecera o seu celular no local do crime.
Ele, no dia seguinte, foi preso.

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