Buscando não se sabe bem o quê.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Corro




Corro. Na noite chuvosa. Corro. A batida perfeita. Corro. Os meus desafios. Corro. Vou percorrer outros caminhos, andar por ai na noite fria e úmida de outono. É perigoso, eu sei, mas corro. As pessoas circulam para chegar em casa. Corro. Por entre todas elas eu corro. Desvio de onde posso desviar e corro. Os ônibus que circulam pela cidade, lotados de pessoas trabalhadoras, por entre elas eu corro. A playlist está perfeita, ela mantém o meu ritmo e corro. . Ela tem ginga, ela tem equilíbrio e eu corro. Passo pelo centro quase decadente até chegar a beira rio e corro. Onde está a velha usina onde meus passos, enfim, obedecem o ritmo da music. E a pista reta me faz correr com mais intensidade e corro. Com a batida do ritmo corro. Os pingos que caem sobre a cara, que cegam a visão, mas consigo enxergar mesmo assim e, portanto, corro como nunca corri. E sinto a sensação impressionante de liberdade e corro. E, involuntariamente, ergo os braços, as mãos esticadas e canto como jamais cantei. E uma senhora humilde me olha com encanto, penso eu. E uma moça que também corre passa por mim fechada em seu walkman. E ninguém me olha. Ela não me olha. E, portanto, me puxo. A velocidade se torna compulsiva. Faço o possível e o impossível e corro. Porque gosto de correr, porque gosto de ouvir as batidas da música e danço correndo no compasso delas, porque este é o meu tesão, o meu desafio. E chego em casa torto e me alongo e passo o tempo alongando e depois tomo uma ducha longa. E sinto - e como é bom sentir -- os efeitos significativos da gostosa endorfina.

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Eu vi


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