Buscando não se sabe bem o quê.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Levando


Acostumou-se a não compartilhar. A viver na solidão e na timidez. De não mostrar a cara quando se deve. De se esconder quando algo se aproxima. Porque satisfaz, porque é bom assim, porque está habituado, porque não exige maiores esforços. E embutido nesse espírito de avestruz vai seguindo a vida, como ela anda, como ela passa, porque vai levando sem se dar conta de que o mal maior está por vir. E quando ele chega? Nunca se sabe. Pode ser amanhã, depois, no outro ano ou no próximo. Pode ser na próxima década ou mesmo na outra. Nunca se sabe e, portanto, segue protelando. A vida toda foi assim e não existe desejo de mudança. Empurra com a barriga gorda. Dorme até tarde. Deita tarde demais. Come até altas horas, bebe, fuma e se despedaça. O corpo cai, a vida passa e se acostuma e tem medo de agonizar, de sofrer na solidão, de passar os últimos anos de vida sentado numa cadeira velha em um quarto gelado e escuro. Mas isso é futuro, que pode estar próximo ou não. E por isso pensa nisso e se atormenta. Mas no dia seguinte, tonto  ele não se lembra de mais nada e vai levando como sempre foi.

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Eu vi


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