Buscando não se sabe bem o quê.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Unhas Roxas




No início pareceu amável e amigo. Depois de posar de querido fez alguns resvalos, mas quem não faz? Depois, com a convivência, começou a mostrar seu verdadeiro tipo. Sua postura ficou estranha, lançava olhar vazio para uma direção sem fim. Nessas horas era impossível a comunicação. Ele simplesmente desligava.
Ela achava que aquilo era apenas uma pequena tolice, uma insignificante mania. Com o passar do tempo ele começou a fazer pedidos inusitados do tipo, hoje de noite quero que você use unhas roxas. Ela achava estranho, mas como não gostava que ele se zangasse resolvia fazer todas suas vontades. Ela sempre se submetia. E ele nunca notava essa submissão, porque achava que aquilo era amor.

Ninguém nunca questionou se um dia ouve ali o amor propriamente dito. A história fatal, a mistura cruel do ódio com a revolta, terminou e os corpos foram enterrados. O desejo de cremação não se realizou por motivos óbvios. O inquérito foi encerrado e arquivado uma semana após. O que se sabe da vida íntima, pelos poucos depoimentos colhidos, é que os dois deixaram de se falar, eles simplesmente não se comunicavam mais. Ele mandava e ela cumpria. E foi isso o que ocorreu naquela trágica manhã.

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