Buscando não se sabe bem o quê.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Complicadas Utilidades




Maldita, você não me olha, não me vê. Só porque fiquei careca, engordei e você ai sentadinha de braços e pernas cruzadas com o seu pretinho básico. Não me pergunte a hora. Não me pergunte nada. Apenas não quero saber. Estou enfiado em dívidas, não sobrou um puto para pagar o aluguel, estou sem beber há dias, não consigo me divertir. E você continua passiva, praticamente muda, olhando para a minha barriga como se fosse a coisa mais horrorosa do mundo. E não me diz nada, não faz comentário, apenas balança a cabeça de um lado para o outro nessa atitude cínica.

Maldita, como eu te amei, como -- por Deus -- eu continuo te amando. Eu sou um cavalo, uma anta, porque eu não consigo me entender. Como posso ficar tão dependente de uma pessoa como tu? Eu quero me libertar, mas nunca consigo. Sou preso ao teu olhar, ao teu silêncio, ao teu cinismo, a tua grande hipocrisia. Não consigo viver sem isso, sem a sua resposta sempre evasiva, a esse sorriso sarcástico de eterna reprovação. E o pior das contas é que assim me sinto razoavelmente bem, assim me sinto em casa, assim me sinto confortável, assim me sinto.... útil.

Um comentário:

Samuel disse...

Excelente!! Você definiu, perfeitamente, como é uma merda extremamente nociva se apaixonar! :)

Eu vi


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