Buscando não se sabe bem o quê.

terça-feira, 21 de julho de 2009

O Bolo




A enorme delicadeza não permite assistir a nenhuma derrota. Imperdoável. Bela frase para se começar. Enquanto mexe o a massa que forma o bolo pensa. Reflete, faz "feed back", ingressa nos tormentosos tempos de ontem. E lá no fundo, na memória esquecida, pinça um pequeno diálogo que aconteceu nos tempos da casa velha e que agora se reveste de sublime importância. Tudo exato, o clima perfeito. Adiciona na pasta uma boa porção de chocolate em pó, aquele do padre. Prova a pequena mostra do sabor amadurecido da pasta negra. Está boa? Tanto melhor. É hora de entrar em alfa, em beta, um 'insight'. O personagem diz: tudo não mais será como era antigamente. Perfeito. Já ouvi algo parecido em outro lugar. Mais um chavão para amenizar o clima: é preciso superar os limites para se poder mudar. Belíssimo, poderia acrescentar: os limites dependem da gente. Santa inocência. Agora, um finale apocalítico: tudo isso pode ser o começo ou o fim de tudo ou de nada. Filosofal. Um detalhe existencial não pode ser esquecido: amanhã nada disso será recordado. Uma metáfora: são cinzas pintadas na memória e que serão apagadas com as cores do dia a dia. Poético demais para o meu gosto. E o bolo, afinal, ficou pronto? Tanto faz, porque assim alimentamos o nosso bem estar adicionando doses e doses de ingredientes. E assim termino no meu vazio determinista: ficamos satisfeitos, até que uma nova crise venha a nos acompanhar. Quem vai comer o bolo? E quando isso ocorrer será preciso colocar a mão na massa e criar um novo bolo -- que será repartido e comido por todos. Tá bom.

Um comentário:

Bípede Falante disse...

Quanta raiva.Sorte a sua que nada disso será lembrado e que você sempre poderá devorar um novo bolo bem longe da poesia.

Eu vi


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