Buscando não se sabe bem o quê.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Versões



O fato aconteceu num sábado a noite, talvez tenha sido a tardinha. Não se sabe ao certo, porque as nuvens da memória não se dissiparam da forma como se esperava. Tudo inicou com uma simulação, uma simulação de sono. Bateu a campainha na porta de baixo e ele estava assistindo televisão. Alguém tinha de descer para atender , mas um programa interessante estava passando, talvez um jogo de futebol, um filme de suspense: algo do tipo. Talvez -- e essa hipótese também foi ventilada --  ele estivesse cansado e aproveitou a situação para tirar um cochilo. Talvez, sempre talvez. Ela que estava no andar debaixo subiu a escada e foi nesse momento que a campainha tocou e ele começou a simular o cochilo.

Ele fechou bem os olhos e se embalou suspendendo suas funções corporais, ficou inativo. Repentinamente ele sentiu em sua barriga (um pouco demais inflada) uma mão que lhe tocou exatamente a região do umbigo. Um necessário parênteses: quando ele tinha um ano ou dois ou talvez três ou quatro, uma babá foi contratada para cuidar dele. Não era uma babá boazinha, porque sempre na hora de trocar as fraldas ou suas roupas ela fazia cócegas. E não era uma simples "cósquinha". Era algo meio que -- digamos assim -- torturante. E a pobre criança ficava a rir e chorar numa situação de total angústia.Isso gerou um trauma.

O fato é que no momento em que ela acariciou a barriga dele -- exatamente naquela região do umbigo -- ele fez um gesto brusco de proteção, de puro reflexo, como se fosse um goleiro defendendo uma bola a "queima roupa". E nesse movimento ele acertou ou o braço ou a mão dela. E a lesão não foi pequena, foi bem maior do que se imaginava. Ela ficou magoada com ele. Ele ficou chateado com o acontecido. Amanhã ou depois quando ela ficar boa -- porque sim ela vai ficar boa -- eles poderão até rir do que ocorreu. Mas, por enquanto, ela ainda tem de tomar os  medicamentos contra a dor, suspender as sessões de pintura e literatura e aplicar no local uma bolsa de gelo que queima. Uma grande chateação.

Ele assiste a tudo isso sentindo as dores dela. Ela talvez não acredite nessa versão, mas ele já disse mil vezes que está muito sentido. Falou até mesmo (vejam só) que poderia ceder suas mãos para ela, se por acaso, ela quisesse.

Eu vi


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