Buscando não se sabe bem o quê.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A Última do Inspetor


Pois o inspetor -- que andava cansado e aposentado -- foi chamado para uma tarefa das mais difíceis e inusitadas. E lá se foi ele com seu caderninho e lápis na mão, com seu capote bége, seu terno mal engomado e a famosa gravata roxa que era de seu pai, mas isso não faz parte dessa história. Na verdade, ele recebeu um chamado de um certo sujeito. Estacionou o maverick bem em frente ao local indicado, porque o inspetor é mestre na arte de estacionar, e apertou a campainha. O tal  sujeito veio ao seu alcance. Olha, tá tudo muito esquisito. Ele simplesmente parou de reclamar da vida e passou a viver com sorriso no rosto. Dá gargalhadas espontâneas e nunca mais voltou a falar em sofrimentos, angústias, lamentos e ressentimentos. E ela, tadinha, perdeu a paixão de ler e está sempre preocupada com ele. Acha que ele vai ter um treco, que ele não tem idade para essas coisas e não sabe porquê motivos ele anda tão tresloucado. O inspetor olhou fixo para o sujeito e pediu um café. Olhou para os cantos, olhou para os lados, tirou do bolso o palito e enfiou por entre os dentes amarelos. Em seguida, anotou no seu bloco de notas algo que não se pode bem identificar enquanto degustava o café quente com muito açucar. Depois de tantos minutos ele se levantou, caminhou até a porta e exclamou em tom firme, porque o inspetor sempre foi muito seguro de si. O senhor, por gentileza, pode abrir a porta para mim? O sujeito - meio sem o quê dizer -- perguntou? E aí, o que está acontecendo? A vida é assim, tem horas que as pessoas pensam em transgredir e isso não é nada  grave.

Um comentário:

Terráqueo disse...

Sensacional. O inspetor é uma sacada e tanto. Adoro as palavras do Deus que é cego, mas muito sábio.

Eu vi


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