Pessoas passam correndo de um lado para o outro. Fechadas em seu silêncio intimista elas ouvem o seu próprio som que não pode ser interrompido. O tráfego não pode parar. O fluxo tem de fluir. É só seguir o fluxo até chegar ao endereço. Ninguém, nenhum movimento, nenhum protesto, nenhuma manifestação pode interromper o fluxo. Querem ocupar o fluxo, mas ele não pode ser ocupado. Ele tem de fluir. Nenhum pensamento, nenhuma religião, nenhuma ideologia pode ocupar o fluxo. Mas querem ocupá-lo ou invadí-lo. Querem tomar conta dele. O fluxo não pode ser propriedade de ninguém. O fluxo é público privado. É por ele que as pessoas interagem, se locomovem, se distanciam, se aproximam, se divertem e se odeiam. O fluxo é a intimidade de todos. É tudo ao mesmo tempo agora. O caos organizado que passa pela mesma rua, pela mesma perimetral. Urbana, rural, na mata, na moita. O fluxo é o pós modernismo a flor da pele. E por isso é tão detestado. Estamos embutidos no fluxo e no refluxo. O movimento que movimenta. A forma que formata e desforma. E seguimos procurando o fluxo que nos transporta ao desconhecido conhecimento.
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