Buscando não se sabe bem o quê.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Alvorada


Do alto vejo o jogo, no campo descampado. Bola na trave, o chute violento do jogo. A grande diversão. O menino que solta pandorgas. O menino que corre descalço. A mãe que amassa e soca o pão. O pai que puxa a carroça. O fogão à lenha que aquece o pequeno ambiente. A menina que brinca com o resto de comida que não sobra.

Quando o avião sobe no meio da cidade depois dos edifícios bonitos se enxerga uma multidão de casarões de telhado de zinco. São diminutos ambientes de um quarto só, uma cama só. Lado a lado, simetricamente ordenados. Estrada de chão. Rua de chão. Vila Umbu, Vila Tupã, Vila Intersul, Vila Caxambú, Vila Campos Verdes.

São multidões de carroças e carros velhos que passam de um lado para o outro. Ordenados e desordenados se dirigem à grande cidade para colher o resto de tudo. E quando chega a noite elas despejam o produto para a multidão catar no meio do lixo e da insalubridade.


Do alto do meu vôo eu pego o jornal e leio. Mais um crime em Alvorada. Mais um record em Alvorada. A cidade campeã de tudo. Está ela ali embaixo. E eu aqui em cima. Num outro mundo, num outro ambiente. Estou distante, bem distante daquela multidão que mora lá embaixo.

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