Buscando não se sabe bem o quê.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O Incrível Que Insiste no Certo


Ele bate no peito e respira. Sabe que está atrasado. Ele perde o tempo necessário fazendo coisas que não precisava fazer. Ele sabe disso. E por isso respira e respira fundo, porque ele entende. Ele tem noção. Ele não é um tonto. Sua consciência está toda hora advertindo. Mas ele é insistente. Sabe que um dia essas coisas podem dar certo. Ele é um sujeito de esperança. Ele tem fé de que a insistência pode gerar a necessária riqueza. Ele insiste porque ele acredita naquele futuro. Mas ele pode estar enganado. Ele pode estar totalmente enganado. E certos equívocos não tem volta. Aquele tempo perdido não volta mais. Ele não parece ser um sujeito de cautela. Ele não tem o perfil da necessária prudência. Sua famosa insistência pode ser uma imensa imprudência. Sua consiência sabe disso, mas ele insiste. Por que ele acredita tanto nessas coisas? O que elas têm de mais? Ele sempre disse: o certo é saber que o certo é o certo. Ele sabe o que está certo, porque ele acredita e insiste em acreditar que ele nunca erra. Mas se ele desse ouvido a sua consciência! Ela está toda a hora advertindo e aconselhando: seja mais prudente, seja mais sensato, seja mais racional, seja mais razoável. seja mais crível. Mas ele é incrível. E gosta de ser incrível. Sempre apostou nos extremos e por isso respira e bate no peito.

Ora, Pilulas






Pílulas
para dormir
para correr
para comer
para relaxar
para embelezar
para parar de sentir dor

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Maldito




Eu sou maldito. Eu quero ser maldito. Eu quero me enganar. Eu quero largar de vez a minha linha nobre. Quero deixar de ser fidalgo. Quero me tatuar. Quero comprar um baixo. Quero bater no bambô. Eu sou maldito. Sempre fui maldito. Desde o tempo do colégio. Quieto. No canto. Maldita. Maldita timidez que sempre me limitou. De ser maldito.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Em Sentido


A carola me olha com olhos cegos. Bem feito para ela. Deslumbrada vê meus passos de ganço. Eu retorno para a posição anterior. Junto os pés, junto as mãos, faço posição de sentido. Ela me olha e ri. Parece sincera. Eu fico magro, chupo a barriga e olho para cima. Ela parece vesga e sua trança decola com o vento. Eu rígido e estático ouço minha vontade. Ela me esnoba. Catatônico fico em silêncio. O tempo tem seus ouvidos. E o pensamento faz o necessário barulho. Ela me quer ardentemente, penso. Ficou mais firme e não consigo cansar. Eu tenho o meu controle. Ela passa na minha frente e não me olha. Olha para o outro lado em direção à igreja.

Perguntas




Meu orgulho induvidoso me faz sair do sério. Capaz?
Sou forte como o peso da alma. Gostaria de dançar comigo?
Fortaleço minha imagem com as de meus ancestrais. Pode ser outra hora?
Cresci numa fortaleza sublime. Quem sabe outro dia?
Sou polido e moderado. Talvez outro lugar?
Sou forte como a selva ardente. Outro recanto qualquer?
Gentil como uma boa pessoa. Qual é teu nome?
Não tenho nó na lingua. Tua idade e telefone?

Burrice


A burrice extrema endoidece.
Eu não quero ser burro.
Eu detesto burrice.
Mas tem horas que emburreço.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O Pintor de Mitos




dEUS cEGO olhou para a terra. Ela é tão bonita. Os rios correm pelas corredeiras. As árvores fazem sombras e os homens trabalham fazendo seus arados, colhendo seus frutos. Os animais não têm história, não fazem suas histórias. É isso o que diferencia os homens dos animais. E os homens criaram o inferno, onde vive o diabo, no calor da noite. Ele aquece o medo. Os homens também criaram um deus para lhe fazer profecias de agradecimento pela vida feliz, saudável e segura. E deus criou o deus cego para contar toda essa história.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O Presente da Boa Vontade




Homens ganham vinhos. Mulheres bombons. Comprei vinhos e bombons. Um gran reserva malbec de 2004 argentino e chocolates alemães. Paguei em duas vezes no cartão de crédito. Depois voltei para cá para fazer meus deveres. Nunca gostei de fazer marketing, mas é preciso ser marqueteiro pelo menos uma vez na vida - ou no ano. Não se sabe o dia de amanhã e nem mesmo o de hoje. Pode estar havendo agora uma reunião super importante que pode decidir o destino de sua vida, do seu trabalho e você enclausurado na loja comprando os finos vinhos para os seus algozes. Quem é, afinal, amigo e inimigo? Quem é o culpado e o inocente? Parece não interessar se você é competente nas tarefas que faz, o que importa é seu desempenho nos custos finais. São os números que balançam nas planilhas que decidem o futuro. Se você é caro, o que importa é reduzir os custos. Se você é barato, problema seu. Do que adianta, então, comprar vinhos caros e bombons exuberantes no final de ano, se você é apenas um número numa planilha Excel? Ora bolas, para que as pessoas tenham boa vontade com você e o seu trabalho. E no balanço de final de ano, as empresas vão decidir os cortes para o ano que vem: o fulano de tal nos presenteou no natal com um malbec argentino e gran reserva. Isso pesa. Ou, pelo menos, deve pesar.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Fim de Noite




Quando a luz da gambiarra se apaga os neurônios se tornam firmes. Arrotando os sais da noite anterior o coração desfalece. O cansaço é manso. O mundo parece estar em ordem apesar das crises cíclicas. Ele fecha o notebook, mas não consegue disfarçar sua culpa arrependida. A casa escura faz as almas aposentadas refletirem no inconsciente da cama. Hoje todos têm a mesma certeza: aquele casal se ama e se ama muito. Na verdade, eles se toleram, porque nunca foram a fundo nas tormentosas discussões. Vida passional não combina com a boa educação. É preciso sempre manter a compostura. E a postura. Cansado do dia vivido ele senta no canto da cama e contempla a companheira que sonha canções antigas. Ele limpa o quadro postado no canto da cabeceira com o dedão, porque o retrato estava sujo. As traças estavam comendo as memórias. Um dia os insetos vão tomar conta da vida. Sua narrativa já não era mais a mesma. Ele passava por dificuldades. Mas nunca é bom pensar no assunto. Do que adianta tanta prudência e tanta cautela se no fim das contas a famosa felicidade se apoia na eterna rotina? Ele ficou triste naquele momento de poucos segundos. Ergueu sua perna cansada para dentro do cobertor quente e deitou sua cabeça no travesseiro leve. Sentiu, naquele momento como nunca antes, o odor profundo de sua própria velhice. O desafio era superar seus falsos limites. Mas tudo se arruma. Tudo se arranja. As coisas se arreglam, como dizia a velha tia que morreu no início da década de 70. Lembrou dos problemas já resolvidos e sorriu silencioso. Estava, enfim, relaxado e naquele dia manteve o eterno cuidado de não tocar nela, porque ela dorme bem e a vida é muito cansativa.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Uma Noite Mal Dormida


Eu tenho peso.
Eu peso.
Eu peco.
Eu vivo de pesadelo.
Eu peço que me acordem.
Ninguém ouve.
Eu pago o pato.

Desculpas Ligeiras


O orgulho involuntário de meus membros inferiores não permite escrever essas linhas. Meu cérebro se esforça, mas meus órgãos subalternos não deixam. Eles são estúpidos, rancorosos e radicais. Eles fazem greve passional. Eles controlam meus movimentos e não admitem, vejam só, escrever este post. Mas meu cérebro é mui esperto e descobriu, num curso gratis on line, uma fórmula mágica chamada hipnotismo. Consegui hipnotizar minhas mãos e dedos e, por isso, nesse estado catártico, elas obedecem piamente as mais internas das membranas que envolvem o meu encéfalo. Não tenho muito tempo, porque a qualquer minuto ou segundo elas podem voltar a si. E quando elas retornarem ao estado normal não tenha dúvida. Elas, manualmente, irão desfazer, apagar e deletar tudo o que está aqui. É preciso estar atento. É preciso ser rápido. E, portanto, vou ser breve nos comentários, porque não existe outro jeito. Começo aqui meu pedido voluntário de desculpas profundas: confesso, fui impiedoso, insensível, ordinário e intempestivo. Eu peço perdão pelos atos insanos, pelas palavras fortes e rancorosas que proferi. Eu estava dominado pelo orgulho vil, pela ladainha de uma mente que foi controlada pelos órgãos sem limites. Tem horas que eu sou tão cruel. Eu preciso ser mais gentil. Tentarei.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O Bando


Fagulhas caem. Chispam o corpo de azedume. Tudo é fedido. As crianças brincam ao redor. Elas marcham, fazem brincadeiras. As moças adornam as formas. Elas estão magras. Os cachorros dormem o sono lento da vida. Uma pulga dispara seu veneno. Mulheres sentem suas pernas rosas. Nada que uma língua não possa lamber. Elas lavam os utencilios e contam causos. Os homens voltam do mato com corações intrépidos. Eles se sentem fortes e corajosos e trazem a comida da boa caça. A roda viva se agiganta e a rês tomba no meio da fogueira onde tudo se compartilha, inclusive o cheiro desagradável do miolo dos ossos.

Os Coelhos da Cartola




Existe alguma pessoa normal ? O médico, o cidadão de bem que defende com ardor sua classe. Ele é tão respeitado, mas caiu morto na rua com tiros no corpo. Vasculharam sua vida e o que lhe restou? A fama de jogador que ninguém sabia. Certas pessoas guardam seus coelhos nas cartolas. E um belo dia eles aparecem saltitantes por ai.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Calendário




Ganhei hoje o calendário do ano que vem. Ele se parece igualzinho com o calendário deste ano. É idêntico ao calendário do ano passado e do ano retrasado. Todos os calendários são iguais, porque estamos viciados nas mesmas repetições.

Minha Fábrica de Consenso


Meu coração incomodado chegou tarde na palestra. Olhei para as horas e percebi o atraso. Resolvi ficar quieto no canto da mesa principal. Enquanto isso eles estavam falando sobre um assunto polêmico e pitoresco. O sociólogo orador, citando Hegel, manifestou seu ponto de vista: "quanto mais o homem domina seu trabalho mais impotente ele mesmo se torna. Quanto mais mecanizado se torna o trabalho, menor valor ele tem e mais arduamente deve o indivíduo trabalhar. O valor do trabalho decresce na mesma proporção em que cresce a produtividade do trabalho. As faculdades do indivíduo são restringidas de modo ilimitado, e a consciência do operário é degradada ao mais baixo nível de embotamento."


Quando essa explanação terminou e os aplausos se ouviram - eu pedi a palavra. Notei que haviam protestos significativos contra a minha presença. Murmurinhos começaram a se ouvir de um lado e do outro do auditório. Os burburinhos gradualmente começaram a aumentar. Uns mais perturbados pediram para eu calar a boca, mas eu nem havia iniciado a falar. Outros insensatos exclamaram que eu sou um vendido, um venal, que eu defendo os interesses dos poderosos, dos donos dos mecanismos e das estruturas, que eu sou uma espécie de 'lambe botas' do mundo da exploração.


Quanta contradição nessa sala do espanto. Eu que sempre admirei Hegel e creio, com toda a minha fé, na força da dialética. Eu -- que já perambulei pelas calçadas de Tübingen, universidade do velho professor alemão, que já presenciei o mundo real de forma concreta e, no imaginário, sempre adequei meus pensamentos e expressões no mundo mais justo para todos -- estava sendo massacrado pelo coração algemado das idéias rançosas.


E a promiscuidade das mentalidades confusas se fazia presente ali naquele auditório de algumas pessoas. Não lembro, ao certo, quantas eram, mas eram poucas. E tenho notado que é essa a realidade do mundo que estamos embutidos. A voz de poucas pessoas se multiplica ao ponto de se confundir com a voz sensata e perene do povo. Quanta injustiça para com a triste plebe que não participa de nada e não tem condições de frequentar reuniões como aquela.


Mas eu estava ali atônito, tonto com tamanha zombaria. Eu que sempre tive o santo cuidado de lavar com água bem límpida os mofos , os bolores e os ranços do meu cérebro. E estava ali, numa situação para lá de inusitada, em contato direto com os donos de uma razão sem prudência. Minha tolerância foi ao limite. E desabei a expressar meu ponto de vista.


Minha voz se ergueu no meio de todas as vaias e falei sobre a contradição, sobre a força das oposições que se resolvem em unidade. Disse com voz forte que acreditava na construção do consenso, que a natureza humana caminha na direção da convergência, apesar dos olhares reprovadores da divergência. Minha garganta vibrava de forma sublime em defesa de uma síntese construtiva. Aquilo doia, porque eu gritava. E bradava com toda a força do mundo contra os ideais da dialética sem síntese. Quanto paradoxo. Quanta insensatez. Eu gritava, além da conta, para além das paredes do auditório. Para que o mundo inteiro me ouvisse.


A hora passou e antes de devolver a palavra à presidência eu agradeci de coração à oportunidade. Disse que estava feliz de esboçar ali, naquele momento, para um auditório encolerizado, os ideais da construção de uma harmonia. Quando terminei ouvi um aplauso significativo no fundo da sala: era o inspetor que havia guardado no bolso seu bloco de notas e se levantou, com entusiasmo, para me aplaudir. Eu não mereço tão grande homenagem.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Escravidão


Exclamação
Interrogação
Afirmação
Auto-Afirmação
Suposição
Perfeição
Somos todos escravos de deus


Rezas
Melopéias
Ladainhas
Conversas
Propostas
Cantilenas
Súplicas
Estamos todos no mesmo barco

Manifestações
Rebeldias
Revoltas
Revoluções
Contra-Revoluções
Fazemos parte da mesma manobra

Massa
Povo
Plebe
Gente
Elite
Raça
Etnia
Alimentamos nossos ressentimentos

Ideologia
Religião
Comportamento
Educação
Altruismo
Egoismo
Fazemos parte dos mesmos grupos

Alienação
Fetichismo
Cegueira
Mídia
Mercadoria
Produto
Onde estão nossos corações e nossas mentes ?

Igualdade
Poder
Política
Despotismo
Autoritarismo
Regimes
Ditadura
Somos todos escravos dos homens

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Louco da Vida Comigo Mesmo


Liguei para ele e não recebi resposta. Liguei de novo e nada. Liguei uma terceira vez e o telefone estava desligado, fora de área. Insisti, liguei novamente, a mensagem apontava: esse telefone é inexistente. Com raiva da vida sai porta fora na direção do vivente. Quando lá cheguei ele estava prestando calmamente seu serviço. Olhou para mim e sorriu. Mas tchê, quanto tempo? Dá um tempinho que já te atendo. Não gosto de chá de banco, mas escolhi o caminho da melhor sensibilidade possível. Estava irritado, mas sempre existe a chance do equívoco. Depois de alguns minutos ele me falou. Eu não atendi a tua chamada porque eu ainda não tenho resposta sobre aquele assunto. Sem querer ser grosseiro, tua gravata está suja aqui. E apontou para a imensa mancha de café que havia ali. Desconcertado arrefeci. Baixei a crina e disse sim. Tudo bem. Tá bom. A gente se encontra outra hora. Sai do local louco da vida comigo mesmo.

Smoke On The Water




Era aniversário do filho de uma amiga da minha mãe. Eu fui contrariado. Não conhecia ninguém ali. A casa era feia. As pessoas eram estranhas. As crianças eram poucas. No meio da sala estava o filho da amiga da minha mãe. Ele estava ouvindo música na vitrola e me passou o imenso e pesado fone de ouvido. Era um som que se repetia, mas era mágico e envolvente. Com a voz para dentro da minha timidez eu perguntei: que som é esse? Ele me disse que aquilo era uma guitarra e me mostrou a capa do disco: Deep Purple, Machine Head. Eu perguntei, que música é essa? Smoke on the water.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Simeão e Efraim


Simeão perguntou para Efraim: irmão, qual o teu caminho?

Efraim mal tinha acordado e estava irritado com as brincadeiras do irmão: deixa para lá, Bros, deixa para lá.

Os dois saíram juntos e pegaram a primeira lotação em direção ao centro. Chovia forte.
Simeão estava preocupado com seu irmão, ele andava muito fora de curso ultimamente. Efraim não estava nem ai, queria mesmo é sair daquele aperto.

Segunda-feira de manhã na frente do mercado e os dois irmão se despedem. Simeão foi para as bandas do outro lado e Efraim resolveu fazer o que deveria ser feito. A vida é um ultimato e a tarefa deve ser realizada imediatamente. É sempre assim.

Enquanto o irmão carregava o peixe que não havia sido vendido na semana passada, o outro empunhava uma arma em direção ao gerente da financeira. Um deles despejou a carga na lixeira coletiva e o outro apontou o revólver na cara do senhor de meia idade.

No final do dia, os dois se encontram no armazém que fica ao lado da casa. Eles comemoraram o dia e tomaram todas. Um deles pagou a conta.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A Máquina Exige Pressa




A mensagem curta diz para acelerar este Blog. Eu não preciso de indutor de velocidade e, muito menos de freio. Eu sei que tempo é dinheiro, mas não estou pretendendo, neste momento, apressar este Blog. Deixe ele como está, com seus gadgets, suas iluminações, escrituras e imagens. Eu sei que o santo progresso nos exige utilizar o tempo da melhor forma possível. Eu sei de tudo isso. E tento fazer sempre uma reengenharia na minha vida. Pois, confesso que este Blog dá um trabalhão danado. Não é fácil ficar alimentando e dando comidinha na boca deste Blog. Têm dias que os assuntos desaparecem e a vida vira oca. As vezes passo horas tentando encontrar algumas coisinhas para colocar aqui. Vocês acham que as idéias saem de onde? Ora, daqui da minha cachola. E ainda querem que eu acelere? Eu, hein! É muita pretensão.



Tá bom, tá bom, para não criar confusão vou postar uma fotinho bem legal. O mundo do futuro da civilização. Todo interligado com estradas, pontes e tecnologia. Mas onde está a vaquinha simpática do brejo e o beija-flor que suga com força as flores de cima da serra?

Fragmentos Fragmentados




Hoje o técnico me disse que sofreremos nova estiagem esse verão. Eu disse: mas não é possível!!!! E hoje caiu uma chuva torrencial por exatos 30 minutos. Eu tirei o relógio de bolso do casaco interno e cronometrei. Estava a jogar num imenso salão com teto de zinco. O barulho era insurdecedor. O deus, além de cego, ficou surdo.

Ratifico, então, a seguinte frase que proferi anteriormente: minha índole perfeita pode ser devastadora.

Mas, como eu ia dizendo, tudo pode acontecer como por encanto. Uma simples magia pode virar mito. Mas ninguém sabe o segredo. Eis o grande mistério que move nossas vidas. Alguns procuram identificar a lógica das coisas. São os detetives das almas. Eles são como os cientistas, querem descobrir os caminhos da verdade. Eu apenas observo.

Está terminando o tempo do dia de hoje. Pronto, estou pronto para carregar as minhas pastas e tomar o rumo de casa. Lá eu sou feliz. Lá eu faço as minhas coisas. Lá é meu abrigo das chuvas e das estiagens. Lá eu reflito. Lá eu me embriago e amo com muita vontade a poesia que resta na vida.

A imagem postada aqui foi localizada. Custei a localizar. Uma mesa que navega como lancha. O que isso significa? Zilhões de coisas. Ou coisa nenhuma. Você e eu escolhemos.

Eu vi


visited 31 states (13.7%)
Create your own visited map of The World