Identificado estou dentro da panacéia das minhas neuroses. Desplugaram integralmente meu ponto de vista. Peço socorro. Ninguém me ouve. Tá todo mundo preocupado. Ninguém pensa em falar. Tudo é perigoso. Absolutamente perigoso. Dizem para irmos para a luta. Não faz parte do meu ser, prefiro manter minha conveniência.
Fui identificado quando entrei na sala que fica na zona central. Não consigo contato com meus parceiros. Tenho que ficar pulando de galho em galho até que consiga, afinal, proteção. Sei que fui grampeado e não sei quem detém minhas conversas. Eles talvez saibam de tudo. Isso é perigoso. Vou ter que dar um jeito.
Alô é Samuel? Aqui é Lucas. Legal. É o seguinte. Preciso de abrigo. Tô a perigo, posso cair a qualquer momento. Não te preocupa este telefone é público. Eles não podem grampear todos os aparelhos ao mesmo tempo. Relaxa.
O inspetor olha a janela da madrugada. É muito tarde da noite. Ele dá o último trago no cigarro maltrapilho. Isso faz muito mal á saúde, pensa. Mas dá uma tragada com grande vontade. Joga a bagana no chão e amassa com muita satisfação. Ele teve um passe. Afinal, pensou algo diferente.
Ele bate a campaínha da casa do insuspeito. As surpresas sempre acontecem nos mesmos lugares. Ele mostra o mandado judicial. A ordem é de busca e apreensão. A turma sabe que os caras podem achar qualquer coisa.
O inspetor entra e procura por Lucas ou Samuel. Ele sabe que os detalhes são significantes. É preciso buscá-los. Cada cara que olha para ele é o personagem a ser encontrado. Ele não vacila, ele sabe muito bem que está procurando. Ele sempre acha.
fotos. Andrzej Dragan (a de cima) e Brad Harris (a de baixo).
Pescada daqui: http://www.andreaxmas.com/blog.asp?id=11,2006
Um comentário:
Identifiquei um ótimo escritor nesse post. Você deveria escrever mais e mais e mais.
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