Buscando não se sabe bem o quê.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sobre Cíclos, Saudades e Sentimentos


O pai lamenta que a filha não quer ir mais para a serra ou para a praia com eles. Ela quer fazer outros programas com as amigas de colégio. Quer ficar na cidade enfrentar as raves do fim de semana. O pai se preocupa, mas observa: ainda bem que eu conheço um taxista de confiança que pode ir buscá-la na madrugada de sábado. Assisto seu semblante triste quando admite que ela mudou.
Ele me olha a espera de uma palavra que não veio. Não tive o que dizer. Fiquei mudo como um tolo. A história me fez lembrar a última aula de meu filho no jardim de infância. Bateu uma depressão saudosista de um tempo que não volta mais. É o ciclo da vida, os pequenos entram para o colégio, brincam, procuram seus amigos, estudam e, e em seguida, se tornam adolescentes. Começam a ter voz própria, opinião e querem fazer seus programas, a conquistar suas individualidades. É a nossa história que continua. Eles mudam como a gente muda, mas o tempo é outro, o momento é outro, o ângulo de visão é outro, a linguagem é outra, a relação é outra. Para eles tudo é novo, tudo é desafio, tudo é conquista. Ouvimos com cautela e com certa dose de ambivalência cada novidade, cada desafio e cada conquista de nossos filhos, porque sabemos muito bem que podemos não fazer mais parte desses planos. Isso pode ser muito dolorido.

Hoje fiquei sabendo que um amigo de infância morreu há 2 anos. Teve uma doença e se foi. Não perguntei se ele tinha filhos, porque não gosto de pensar em sofrimento infantil.

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