Ele tinha um fone de ouvido em uma das orelhas e passava as tardes copiando folhas xerox no prédio da Justiça. Bonzinho o rapaz. Gentil - ele era capaz de copiar diversas e talvez centenas de folhas por minuto. Passava a tarde ali, copiando folhas dos processos judiciais e ouvindo, numa das orelhas, o rock progressivo digital. E lá estava ele naquela sala fechada, cheia de gente, no calorão do ar condicionado. O ritmo batia forte e ele discretamente acompanhava a batida com a ponta do tênis Adidas no piso do carpete ralo e barato. Após o atendimento ele contava moedas e passava o recibo para os estagiários, advogados e partes. E todos saiam satisfeitos pelo serviço prestados, uns agradeciam e outros não. Isso faz parte, como bem se sabe, da boa educação de nossa terra. Mas ele não estava nem aí pelas questões morais das pessoas do nosso país, para ele o que interessava é a graninha que ele gerava com o trabalho que fazia. Foi com ela que ele comprou o aparelho MP3 que ele carrega sempre consigo.
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