Você não percebe minha lingua, minha linguagem incógnita. Quero me comunicar, falo alguma coisa, balbucio e também rio. Rio de nada, de tudo, de janeiro. Mas você acha que isso não é risada, é caso sério, palavra chave, quebra-cabeça de palavras sem sentido. Quanto custa teu conhecimento? Qual o teu preço? Por acaso posso te comprar? Posso tirar da minha carteirinha pobre algum centavo para poderes me mostrar alguma coisa? E me largas na mão na seqüência dos atos. E quando falo um palavrão me queixando da vida, o céu desaba sobre todas as cabeças, inclusive a nossa. E lamentamos que tudo tá dificil, que a humanidade é amarga, que o trabalho gera pouca grana e que o trânsito anda trancado lá fora. A vida dura é cara lá fora e por isso temos que ter paz e tranquilidade aqui dentro. Os ânimos estão exaltados. Alguém sai da sala. Alguém se deita no sofá. Ninguém chora. Do lado de dentro de tudo, está o inspetor. Ele olha para os dois lados, não faz nem sim e nem não com a cabeça. Ele simplesmente observa. Ele não vai dizer nada. Nenhuma pista, nenhuma dica. Ele anota tudo, com muita síntese, no bloco arranhado de sempre.
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