Escultura hiper real de Ron Mueck
Está exposto no meio da galeria o corpo do homem que voa. Ele foi cooptado pelas modernas tecnologias e capturado pelos selvagens de hoje em dia. Ele se multiplicou, mas sua forma permanece intacta. Na verdade, ele é o mesmo. O múltiplo mesmo.
Ela chega e vocifera com voz apertada: ele é feio, barrigudo, muito velho, ele cheira mal, ele fede como cachorro do mato. Eu juro que não entendo nada. Fico na minha. Contemplo sempre distante a imagem souvenir que vai ser cuidadosamente embrulhada para a noite de natal.
Ela insiste, ele adquiriu a forma delas, ele é um estrago, um sonso, veja suas asas soníferas! Eu não resisto, e largo o chavão habitual: ele é vítima das circunstâncias. Ela não me conhece, mas me olha como se tivesse visto uma assombração.
Mas ela não pisca e nem replica. Ela fica ali parada demonstrando sua pequena amargura. Ela parecer ser do tipo que fica na dela. Eu faço o estilo de ficar na minha. E o silêncio da música de elevador toma conta da superfície plana do planeta.
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