Parece que hoje resolvi ser outra pessoa. Estava morrendo afogado e resolvi nadar. Eu precisava respirar e tomei dois tylenol antes de sair de casa. Minha cabeça latejava, parecia um porongo velho e vazio. E decidi mudar. Levantei e decidi ser outro. Meus problemas não nasceram ontem e nem no mês passado. Eles decorrem de relações muito antigas que nem me recordo mais. Resolvi, então, nascer e vasculhar o passado e verificar todos os meus erros e equívocos. Não sei se isso vai adiantar muita coisa, porque o que foi feito foi feito e o futuro o tempo dirá, como diz o velho chavão. A melhor maneira de resolver os mesmos problemas é dizer: isso não é fácil, é muito difícil, existe ali uma porta de pedra cheia de cimento completamente intransponível, nada se pode fazer. Mas o pecado mora aqui dentro, são os meus próprios vícios da minha existência e meus passos insistem em derrapar em torno do mesmo vazio. E aqui estou cansado, tentando ser outro, resmungando para mim mesmo e me queixando sobre minha eterna inaptidão para resolver os mesmos problemas. Pois hoje resolvi ser outro e o tempo pode mudar, mas tudo depende de mim e do meu outro ponto de vista.
Imagem de Park Harrison.
Um comentário:
Ser outra pessoa pode ser exatamente o que era para ter sido desde o início, antes dos erros alheios contaminarem nossa essência a favor de um molde, por vezes, pouco confortável e bastante violento. Parabéns!
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