De repente o pai é acordado, a mãe, doce mãe, diz: são quase oito horas e o ônibus sai às oito e quinze. Rápido, o pai coloca as calças, os tênis e a velha camisa surrada que usou na noite anterior de muitos vinhos. A mãe acorda o filho que se levanta rápido e coloca o uniforme. O pai preocupado sente o peso da noite mal e pouco dormida e os efeitos dos cálices tomados com os amigos da mocidade. No carro, o pai olha cego para a frente, ele se sente irresponsavel. O filho pergunta sete vezes: que horas são? Não existe bafômetro no trajeto da escola. E lá ambos chegam e descem. No colégio, os pais, preocupados ou não, cercam os filhos e todos falam entre si. O filho encontra sua turma, coloca o jaleco verde e o pai resolve ficar na dele, longe e distante dos outros. Simplesmente não quer falar com ninguém, apenas espera o menino passar com seus colegas em direção ao ônibus. E lá eles acham seus lugares e se acomodam. O filho abana e sorri e o pai vai embora para casa. Quando o pai chega no quarto escuro ele olha para a mãe que dorme. O relógio aponta nove horas. O dia está bonito e quente para o inverno de julho. Que se dane o mundo, pensa o pai: é necessário dormir, porque assim é a melhor maneira de se reencontrar com a forma.
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