Minha missão era apagar as luzes, mas encontro no caminho um nervo. Como se fosse um bife com nervo, com muito nervo e a empreitada do cirurgião é afastar o nervo. E assim procedi com muita perspicácia e determinação. Deixei o prato limpo, afastei a gordura de todo o resto e tentei seguir a missão, mas era tarde demais. Deu branco e não lembrava mais o quê, afinal, eu estava fazendo ali, naquele lugar, naquela hora.
Descansei o vinho por sobre a mesa e olhei na janela a procura de alguma sensação inusitada que pudesse servir de objeto para o meu trabalho. Visualizei, por incrível que pareça, uma modelo. Ruiva, pele bem clara e olhando para si, como se estivesse se auto-admirando. Ela tem uma pele super limpa do tipo que nunca pegou sol na vida. Sorvi um gole de vinho e fiquei admirando a bela imagem até que um felino se postou exatamente na frente da modelo.
Recebo a mensagem no celular, não se trata de uma chamada comercial para trocar o aparelho por um novíssimo com mais de cinco utilidades. Era uma mensagem estranha de um número que eu não conhecia e que não estava cadastrado no meu aparelho. Dizia a mensagem que o Tuco deveria fazer sorrir uma Chica. Fiquei pensando qual o significado de tão inusitado recado..
Ela me chama com voz rouca da gripe que pegou. Já é hora de apagar as luzes e agora lembro que era exatamente essa a minha missão, mas estou aqui preso na mesma máquina tentando terminar esse negócio. Minha rotina heterodoxa me ajuda a contemplar os casos que conto, mas têm dias que são outros e que o silêncio é mais do que necessário. As horas que passam deixam a sensação de algum dever cumprido. E lá me vou apagar as luzes da boa rotina e me encontrar com a chama viva daquela que me incendeia.
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