O menininho corre entre as mesas do restaurante. Ele ri, ele grita, ele sobe e desce as escadas, ele toca no piano, para desespero do bom pianista. O menininho faz barulho, ensurdesce o ambiente, torna tudo um pouco desagradável. Até que o ambiente fica tenso, quase denso. As pessoas se olham, ficam comentando, mas os pais da criança conversam na mesa ao lado completamente despreocupados com os passos e gritos do filho. Até que o menininho dá um grito bem agudo exatamente ao meu lado. Fiquei quase surdo. Olhei para ele e sorri. Por que esse sorriso? perguntei a mim mesmo: porque a lei do politicamente correto manda e determina que não se pode ofender o filho dos outros, por isso sorri. Mas olhei bem na cara da mãe do menininho com um sorriso bem amarelo. Ela olhou para mim e nem percebeu a cor amarela do meu sorriso e engoliu rapidamente o petit gateau. E o menininho continuava a correr pelo ambiente, batucava no piano e outra vez olhei para a mãe e para o pai da criança que continuavam a conversar, como se não fossem eles os responsáveis pelos atos do filho. E assim a noite passou, pedi a conta bem antes do que eu esperava e fui para casa com a sensação de que existe muita coisa errada nesse mundo de deus cego.
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