No dia do padroeiro ela está em Copa. Circula bem apertada de sapato novo, toda engomada, vestida de dourada. Misto de fascinação e desprezo. Basta ter paciência, dedicação e equilíbrio. E lá vai ela de mãos dadas com o estrangeiro de bermuda e chinelos inusitados. Engoliu duas doses de martini doce e chupou todas as cerejas. Meio alta ela caminha tonta na direção das curvas tortas da famosa calçada. Ela delira e começa a rir do sotaque esquisito do macho que aquela noite encantou. No alto do último andar de um bom hotel da orla ela enxerga a cidade: iluminada, movimentada, cheia de energia como ela. São tantas as estrelas, as luzes, as cores, as formas, os momentos, as alternativas e os vícios que ela nunca consegue deixar de desafiar a si mesma. Impossível, completamente impossível, largar tudo isso como quer algum lado seu. Melhor assim do que antigamente. Pelo menos essa vida naturalmente perigosa se torna um pouco mais divertida.
*foto de André Arruda do Ensaio uma Outra Copacabana.
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