Vou ficar calado que é melhor, mas é difícil. Eu sei que vou ter que me segurar, talvez não consiga. Talvez. Vou fazer que não escutei e que não senti o baque. Mas senti. É um desafio não perceber, ou melhor, transmitir que não percebi. A falsa noção de que sou frio, aquela alma gélida, que não está nem ai. Caminho na frente, mas estou escutando o que se passa atrás. Sento na cadeira ao lado, mas fico observando todos os detalhes. Não estou perdido em minha insignificância. Muito pelo contrário, estou ligado, ligadíssimo em tudo que se passa. Minhas antenas estão em alerta o tempo inteiro. Qualquer ruído, a sombra que passa devagarinho, o suspiro no escuro do quarto eu sei, eu noto, eu percebo. Não estou em todos os lugares, mas conheço todos os nossos cantos. Os nossos passos e os nossos rumos. Optei pelo silêncio, porque é melhor assim. Pode me fazer e te fazer bem. Um hábito para fazer pensar. Desmaterializar os mistérios. O enigma indecifrável de nossa vida. Que rumos tomar para pensar melhor. Existe espaço para pensar bem e estamos em seu fluxo, aprofundando nossos detalhes e quando chega a tormenta, a tempestade que atira o vaso em cima do telhado, tudo se resolve com um simples telefonema. Os homens chegam e se encarregam de arrumar a sujeira deixada. E tudo volta ao normal e levamos o cão para comprar pão e alguns petiscos mais para o nosso jantar.
(a foto acima é de Desiree Palmen : http://www.desireepalmen.nl/images.php )
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