Buscando não se sabe bem o quê.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Restos



Os restos, que o gato admira com o olhar cândido, é recolhido pela funcionária  e jogado no saco.
O saco quase cheio é, enfim, atado e levado para a rua.
 O caminhão coletor, no fim da tarde, inicio da noite, passa.

Dois homens que parecem meninos  -- porque não são mais meninos -- com o devido  cuidado,  abrem o saco e despejam seu conteúdo numa caixa maior, muito maior..
A carroça parte devagar, passando pelas ruas da cidade média, em busca dos restos, dos restos e dos restos que sobraram..

Quando tudo chega ao seu limite é anunciada a hora de partir ou de voltar.
Distante, sempre na periferia, onde ninguém percebe,  eles  se juntam e despejam, em harmonia, o resultado da colheita do dia.

O terreno baldio espalha o cheiro forte, onde o compartilhamento é feito  por todos que ali estão.
Cada um busca sua parte, sobrando os restos dos restos, dos restos que ali ficam.

Passando a madrugada o dia surge e o amanhecer aparece repentino, como se nada tivesse ocorrido. A necessária distância é uma forma digna - e limpa --  de evitar o horror de se conhecer.

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