Buscando não se sabe bem o quê.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Os Efeitos



Diante das possibilidades relatadas, inclusive com o risco de vida,  o retorno é quase incerto. Hoje não é mais como ontem. É a fraqueza que insiste em tomar conta dos pés, das mãos, da alma, dissipando, de forma quase absoluta, a força das decisões. O espelho reflete  o olhar contido diante do desafio. E por isso, recluso,  insiste em dormir, em esquecer, em desistir, faz questão de não ler uma linha do texto que está guardado na gaveta ao lado da cama. E a cama é quente, cheia de cobertas, travesseiro macio, o ar está ligado, a vista para a cidade que está ao longe e se distancia quando amanhece ou escurece, porque nada se enxerga, nada se vê, apenas a dificuldade e o cansaço que toma conta das vontades. Sem cicatrizes ou rancores, mas carregando uma dose razoável de amargura diante da situação concreta. Na manhã resolveu sair, seus pés fracos não conseguiram acompanhar o desejo repentino e foi forçado a utilizar uma cadeira, graciosamente emprestada pelo funcionário do shopping. Diante de todos foi empurrado até a ótica onde experimentou um óculos que comprou. A tontura veio repentina e, com ela, a tortura mental e o aborrecimento de não ter mais as aptidões de outrora. Maldita doença que consome os potássios,  ferros, vitaminas e nutrientes e que deixa o ser humano sem força para comprar sozinho uma bala. Porque os pacientes devem ser pacientes, dizem os médicos. Porque a vida necessita de mudança, dizem os parentes - próximos e distantes. O fato é que tudo mudou. E quando a mudança parece ser irreversível, a luta contra o desânimo passa a ser constante e incomensurável. Os remédios e seus mecanismos colaterais, os sedativos, os calmantes e antidepressivos, o corpo que se alimenta das drogas e seus efeitos, as drogas e seus efeitos, as drogas e seus efeitos.

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