Buscando não se sabe bem o quê.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Sombras de Dúvida
Vagueia sem motivo por alguma rua sincera. O suor corre o rosto, enxarca a camisa social, porque é quase 40 e a luz solar no sul deste país é mais forte do que no norte. As casinhas conjugadas vão passando, uma a uma. Portas abertas, janelas fechadas, a mulher negra que fala ao celular apoiada na grade da sala de estar. O rapaz ouve o rádio no Fiat estacionado na mesma rua. Todos querem saber se ele vem ou não vem.
E ao chegar na grande avenida o calor é mais forte e intenso. Procura uma sombra, uma árvore qualquer, um grande arbusto, uma marquise, o que tiver de proteção. A casa chinesa anda vazia, as porcelanas estão penduradas na mesma vitrine do ano passado. Nada mudou por ali. No posto de gasolina poucos carros estacionam, a locadora está fechada e os sorvetes estão à disposição na loja de conveniência. A música toca, mas a notícia aguardada é saber se ele vem ou não vem.
O condomínio de luxo que foi erguido não faz muito tempo está desbotado. O opaco padrão neoclássico deu lugar às manchas escuras que a fuligem do tempo deixou. O destino final está próximo porque o portão do prédio de granito esverdeado se abriu. Neste ano, o porteiro do prédio não é mais o senhor simpático que faz sempre a mesma pergunta todos os dias da semana. Algo mudou por aqui. No elevador o casal esboça um pequeno beijo interrompido com a presença de um novo passageiro. Todos se olham no espelho antes de subir. Eles querem saber se ele vem ou não vem.
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