Buscando não se sabe bem o quê.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Intricado


Se algum tempo sobrevivi diante de tantas agonias é porque meu riso não comporta mais lágrimas. De agora em diante quero rir e sorrir sem contemplar os arcabouços que ficaram para trás perdidos em algum espaço da minha narrativa. Não, não quero mais perceber que não sou tão forte assim. Posso me tornar impietuoso, arrebatado, inclemente. Não posso ser mais ouvidos, tenho de agir e agir logo, porque senão eu perco meu perigo. Não me subestimes, porque minha capacidade está muito além da minha loucura, dos meus devaneios, trancada no quarto das minhas obras primas. Enquanto ouvia os soluços retumbantes das reclamações deixava para o além os desafios mais importantes. E perdi tempo com isso. Agora que estou velho como o diabo minhas forças parecem tão enfadonhas. É porque elas estão viciadas, porque sempre fiz tudo no mesmo ritmo e só consigo dançar a mesma valsa que sempre me embalou. O cansaço entretém o corpo afunilando-o com seus braços sempre fortes. Não temos chance de resistir, mas resistimos. E por isso corremos até o fôlego acabar e quase alcançamos a última esquina, onde o milagre pode aparecer e nos levar fora daqui.

2 comentários:

Tuca Zamagna disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tuca Zamagna disse...

Ótima surpresa o seu blog, ao qual cheguei através do blog do Marcantonio. Ou de outro blog a que cheguei através do blog do Marcantonio, sei lá. Ando confuso, tenho tido muita ressaca por falta de porre.

Todos os textos que li são ótimos, e alhumas imagem também, sobretudo a da menina olhando o cara com um jacaré na cabeça - um primor!

Abraços

Eu vi


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