Buscando não se sabe bem o quê.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Tempo Suspenso





Eu não sigo ninguém, porque o sinal está fechado. As comportas podem se abrir a qualquer instante. Eu olho no espelho retrovisor e vejo pessoas paradas, intactas. Elas são como pedras, como tijolos de vidro. Enxergo sua incrível transparência. Elas estão nuas. Entro no meu corpo e faço o comando da minha civilização. A luz vermelha continua perene. Eu pisco os olhos para melhor enxergar. Está tudo parado, como se fosse o dia de ontem. O tempo é curto e meu espaço também. Estou trancafiado dentro da minha própria automação. Sou um robô de pernas curtas e coxas grossas. Ninguém percebe meus movimentos enigmáticos. Mergulho no sigilo da minha imagem obscura. À tardinha deparo com o sol que tremeluz. Luz que chacoalha cansada de tanto me observar. Ela fiscaliza a minha profunda inércia. Passo a acelerar enquanto a luz amarela. E disparo inconsequente na direção do mundo da velocidade perigosa.

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Eu vi


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