Buscando não se sabe bem o quê.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Quando Chegou o Dezembro


O céu de um novo dezembro parece mais limpo que os dos outros meses. Talvez seja o prenúncio do alvorescer do ano-novo que está para chegar sorrateiro e confuso. Todos se preparam para os dias de festas, compras e hinos. No canto de tudo desperta a inconsciência daquele que faz malabarismo nas esquinas da vida. E o fluxo está um caos. Todos reclamam da vida que não anda, que custa a andar, que é interrompida a todo instante e o preço é abusivo. Ninguém chega na hora certa. Todos têm conta a pagar. Nem dezembro está em seu lugar. Mês de piscinas cristalinas e cheias, o mijo da criança que transborda, o mormaço da rua que já foi nobre e hoje é só de passagem. A fila dos ônibus de rua, os bancos sujos e incômodos da rodoviaria, o cartão eletrônico que abre a porta para quem senta esperando a vez de ser atendido na loja de celular. O velho taxi que houve tango na manhã de um sabado de compras na feira. Rúculas, tomates cerejas, girassóis, linhaça, cogumelos, um cálice de vinho e um pedaço de pão. Falsas árvores douradas com algodão de neve e as crianças de bermuda limpa brincando ao redor e o inspetor anota tudo em seu caderno vazio. Ele não sabe para que serve. Ele anota sem parar. O relatório pode ser exigido a qualquer momento, pensa. Mas ele ainda não sabe nada.

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