Buscando não se sabe bem o quê.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Do Outro Lado da Rua
No subúrbio da noite, uma janela se fecha. As luzes que estavam bem brilhantes se apagaram. As regras existem e elas exigem o nosso obrigado silêncio. Temos de conviver e apelamos, então, para nossos deuses morais. Tentamos disfarçar nossa decepção, porque eles estão sempre contemporizando com os ditos inocentes. Benditos ou malditos, tanto faz. Nossa angustiante espera não vai além e nos atordoamos com o encanto e a magia desse grande circo. Ele nos causa emoção, medo e indignação. Não deixa de ser interessante -- e aí está o paradoxo -- que as soluções podem ser encontradas, porque os paradigmas existem. É só seguir os passos já alcançados, podemos copiar, colar, podemos fazer de tudo, mas onde está aquela vontade, aquela gana que aparece sempre na hora exata. Aparece? Por que a demora? Nessas horas vem a lembrança daquele tio que nos chamava a atenção acerca dos interesses que nos mantém amarrados. E no meio dessas algemas de detalhes apelamos para toda a sorte do mundo: magia, templos, arenas, rezas, livros mágicos, religiões esquecidas, ideologias baratas. E quando acordamos - porque sempre acordamos -- nos damos conta de que tudo isso é apenas a nossa vida e que nossa voz não está afinada o suficiente para que tenha condições de ser ouvida do outro lado da rua. Fechamos a porta, apagamos a luz, baixamos a janela, trancamos, enfim, nossas grades para que a noite seja segura - e confortável.
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