Quem sabe um dia isso tudo possa funcionar mais perfeitamente. Assim como relógio da ante-sala de um velho caduco que acerta sempre as horas, na manhã, na tarde e na noite. Não quero cucos, nem ponteiros adormecidos, não quero mãos dormentes apontando as horas e confundindo as coisas, como sempre ocorre. Não sei bem o que eu quero. Não sei porque escrevo essas coisas. Prefiro assim do que assado. O que posso fazer? Não pergunte para mim, porque aqui só vais receber respostas: sinceras e insinceras. Tanto faz, tanto fez. E um belo dia, quando tudo isso passar e o passado tomar o lugar do presente vamos discutir tudinho, ponto por ponto, item por item e nada vai poder passar. Vamos ter de perceber tudo, o inesgotável tudo, o insustentável tudo, o intempestivo tudo. Porque as pessoas gostam de ser tão perfeitas e ficam impacientes quando se olham no espelho e enxergam a ruga da noite mal dormida, do dia de porre, da cara amassada pela desilusão da idade tardia. É melhor quebrar todos os espelhos do mundo e começar tudo do zero, do nada, do absurdo, até nada sobrar. E depois quando tudo estiver zerado e o nada tomar conta do tudo, vamos juntos sonhar o inconsciente, o inconsistente, como jogo de palavra maldita.
*foto de Boris Kossoy
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