Onda marrom e salgada de verão sadio. O sol torra e a barraca está cheia de gente. A areia vestida de papel de picolé que as crianças pedem cada vez que o carrinho passa. A corneta toca, o tic-tac da casquinha, o sabor da infância da década de 70, olha o puxa-puxa, da mesma praia que estamos agora. Naquela época, ao menos, havia cinema e as crianças podiam perambular pela cidade inteira: a pé ou de bicicleta. Hoje elas ficam em casa jogando os jogos pirateados de playstation 2. As pessoas percorrem os mesmos caminhos em volta das quadras que estão cheias de novos e enormes edifícios. São os novos moradores da região da serra que tomaram conta da nossa praia. Pessoal de pele clara, barriga gorda, sotaque esquisito, comedores de polenta. E lá no cantinho da memória estão os famosos churros do Vô Gervásio, os mais nobres e deliciosos do Brasil, uma receita secreta que ele descobriu num sonho da década de 50. E as décadas passam, os anos modificam a cidade balneária que cresce para o alto, as torres de Torres. E a banquinha do Vô Gervásio continua a vender os mesmos churros recheados de mumu ou chocolate para as velhas e novas crianças.
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